sexta-feira, 12 de junho de 2020

Fornecedor alerta que Brasil pode receber 8 mil respiradores fora do padrão autorizado por Anvisa

Hospitais e unidades emergenciais de saúde poderão receber, nas próximas semanas, cerca de 8 mil respiradores para tratamento intensivo de pacientes afetados pelo vírus chinês, covid-19, com problemas de calibragem e de operação de seu sistema. O aleta é da empresa brasileira Exxomed Equipamentos, de São Paulo.

Pacientes com covid-19  no Hospital Municipal do M’Boi Mirim, no extremo sul de São Paulo
Pacientes com covid-19  no Hospital Municipal do M’Boi Mirim, 
no extremo sul de São Paulo
Foto: Wether Santana/ Estadão
A companhia é representante exclusiva no Brasil de respiradores mecânicos fabricados pela companhia chinesa Beijing Aeonmed. É a única companhia que detém licença e registro para comercializar no País os equipamentos (Shangrila 510s e VG70), conforme licenças obtidas junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Ocorre que, embora não tenha efetuado nenhuma importação dos equipamentos para o Brasil, a companhia foi notificada de que há centenas de máquinas em utilização no País, sem os ajustes necessários, porque os equipamentos são adequados para a Europa e precisam passar por troca de software, além de passar por calibragem, conforme exige a regulação nacional.
Segundo informações coletadas pela empresa, cerca de 600 equipamentos estão em utilização em locais como Niterói (RJ), que tem registrado problemas com as máquinas.
Por meio de nota, a empresa informou ao Estadão que “esses equipamentos foram importados por empresas privadas, nacionais e não nacionais e comercializados diretamente para o poder público e entes privados, sem qualquer respeito à licença da Anvisa, na qual determina que a Exxomed tenha o controle ostensivo sobre os produtos que estão chegando no país”. 
O processo envolve acompanhamento da importação, inspeções dos equipamentos de acordo com procedimentos aprovados pelo Inmetro e Anvisa, ajustes e adaptações, configuração de sistema, mangueiras e componentes essenciais para o perfeito funcionamento dos equipamentos. Envolve ainda o processo de instalação, autoteste, calibrações de pré-uso, de acordo com parâmetros aprovados pelo fabricante, sob os controles da Anvisa e Inmetro
Segundo a companhia, “os equipamentos que não atenderem esses requisitos estão irregulares, sem garantia do fabricante e – o mais grave – colocam vidas em risco”. 

A Exxomed informou que pediu autorização para trazer o produto ao Brasil em 2018 e que, em fevereiro deste ano, obteve anuência da agência, mas que não chegou a fechar nenhum negócio. O produto tem entrado no País por meio de outras empresas não autorizadas.

André Borges, O Estado de S.Paulo