quinta-feira, 11 de junho de 2020

Covidão do Doria: investigado por fraude no Paraná vendeu respiradores a... Doria

Governo paulista nega ligação com o vendedor Basile George Pantazis e ele nega acusações da promotoria, que diz serem falsas
joão doria - respiradores chineses - covidão paulista
Doria terá de explicar participação de investigado em fraude no Paraná no covidão paulista | Foto: Governo do Estado de São Paulo
Não bastasse a já polêmica compra de R$ 500 milhões em respiradores da China, o governador João Doria agora se vê ligado a mais um nome suspeito, o do empresário Basile George Pantazis. Ele, que teve participação na aquisição dos equipamentos, é investigado pelo Ministério Público do Paraná por fraude ao Detran do Estado, que ultrapassaria R$ 120 milhões.
O empresário foi alvo de um mandado de busca e apreensão em março deste ano, em sua casa em Brasília, no escopo da operação Taxa Alta e, segundo o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) paranaense, teve os bens bloqueados em maio.
Mais 15 pessoas também foram alvos da operação, incluindo o irmão de Pantazis, Alexandre, que é sócio dele numa empresa responsável pelo registro eletrônico de alienação de veículos no Estado.
Também em março, o governador paulista deu início à compra dos 3 mil respiradores chineses, que deveriam ter chegado em maio, o que não aconteceu. O Ministério Público de São Paulo investiga o caso.
O atraso obrigou o governo a fazer uma repactuação do acordo, diminuindo a compra para 1.280 equipamentos, no valor de R$ 242 milhões, numa adequação de valor adiantado pelo governo de Doria em abril à intermediária Hichens Harrison, onde trabalhava Pantazis.
No entanto, a empresa voltou a pedir repactuação novamente, porque não conseguirá entregar todo o material até o dia 15 de junho, próxima segunda-feira, como prometido. O governo alega ter notificado a empresa sobre os prazos.
Em mensagem enviada para o governo paulista com a fatura do adiantamento de 30% do valor dos respiradores chineses, o empresário parananense alertou: “Que Deus nos ajude a todos”.
Quando o primeiro atraso ocorreu, ele foi um dos primeiros a serem cobrados, tanto por e-mail pessoal, quanto por e-mail corporativo, segundo informa reportagem da Folha de S.Paulo desta quinta-feira.
O governo paulista e a Hichens Harrison negam a participação de Pantazis no negócio, porém, ele confirma ter intermediado a compra e afirma que acompanha o processo de entrega.
Em Brasília, ele e Alexandre são conhecidos como “irmãos gregos”. Ambos têm ligação com a Dismaf, empresa que fornecia bolsas aos Correios e foi investigada no escândalo do mensalão.
Aparentemente com produtos bastante diversificados, a Dismaf também vendeu trilhos de trem para obras da Ferrovia Norte-Sul, que tiveram a qualidade questionada posteriormente pelo Ministério dos Transportes.
Basile Pantazis chegou a ser tesoureiro do PTB e muito próximo ao senador Gim Argello, preso em 2016, em uma das fase da operação Lava-Jato.
O empresário nega as acusações a ele imputadas pelo Ministério Público do Paraná. Também diz não ter mais nenhuma relação com o PTB e que os problemas da Dismaf foram resolvidos na Justiça.
O governo paulista afirma que o vice-presidente de operações da Hichens Harrison no Brasil, Fabiano Kempfer é quem faz a intermediação da compra dos respiradores para o Estado e que Pantazins é apenas um representante comercial. Entretanto, a gestão Doria não soube explicar por que cobrou o empresário pelos atrasos na entrega dos equipamentos.

Roberta Ramos, Revista Oeste