sexta-feira, 17 de abril de 2020

Bolsonaro sai fortalecido dos ataques de Maia


O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e o presidente da República, Jair Bolsonaro | Foto: EDILSON RODRIGUES/AGÊNCIA SENADO
Já é sabido que os presidentes Jair Bolsonaro e Rodrigo Maia não se bicam. Nem mesmo a chegada de um inimigo comum, o coronavírus, fez com que ambos propusessem uma trégua. A tônica para o mais recente desentendimento entre os dois foi a aprovação na Câmara dos Deputados do Projeto de Lei Complementar (PLC) 149/19.
A medida socorre Estados e municípios que não têm dinheiro para fechar as contas por causa da paralisação da economia. Resumindo: governadores e prefeitos, que adotaram políticas cada vez mais restritivas contra a covid-19, querem a chave do cofre em poder do presidente da República — defensor da retomada das atividades produtivas.
Numa entrevista concedida ontem à CNN, Bolsonaro afirmou que Rodrigo Maia se sente o chefe do Executivo, ao chancelar um projeto que tira ainda mais poderes do Planalto. Maia respondeu que o propósito do presidente é mudar o foco da nova crise: a demissão do ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que deixou ontem a pasta.

Análise

Plenário do Senado
Deputados e Senadores não querem usar fundo partidário na covid-19 | Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado
Por volta das 22h daquele dia, internautas subiram a hashtag “ForaMaia” que, desde então, está nos trending topics do Twitter. Em apenas uma hora, chegou ao segundo lugar, onde permaneceu durante a madrugada. Perdeu força na manhã desta sexta-feira, 17, mas rapidamente se recuperou e, desde o meio-dia, permanece na primeira posição, ao registrar mais de 1,4 milhão de engajamentos.
Na última semana, essa foi uma das melhores performances dos apoiadores do presidente Jair Bolsonaro no Twitter. A justificativa para o resultado é, certamente, a insatisfação dos brasileiros com as interferências do Legislativo no Executivo. Não só, os parlamentares vêm deixando a desejar, como quando retiraram do orçamento de guerra o uso dos fundos eleitoral e partidário para as políticas de combate ao coronavírus.
Outra força que pode ter impulsionado esse número de engajamentos é a decisão do movimento Nas Ruas de conclamar os brasileiros, já descontentes com o engessamento da economia, a protestar contra deputados e senadores pelas rasteiras dadas no povo. Sendo assim, caso o fluxo de engajamentos apresentado se mantenha, são grandes as chances de as manifestações serem bem-sucedidas.

Confira alguns tuítes

Ei , Rodrigo Maia você está certíssimo somos Robôs . Tuitamos através de programas . Patético . 🦠🤖👾👻💩
Nos já cansamos de mostrar a ele que nós os robôs já fomos as ruas muitas vezes com .. e ele com a cara gorda de pau vive insistindo nesta narrativa, mas agora mostramos a ele com quantas tags fazemos o mesmo..
Veja outros Tweets de dropblackkennel

Facebook, Instagram e mídia

Foto: PEOPLEIMAGES/ISTOCK
As páginas que aqueceram o Facebook foram a do movimento democrático Nas Ruas, cuja publicação com a hashtag “ForaMaia” conseguiu 2,5 mil curtidas, 1,7 mil comentários e 1,2 mil compartilhamentos; e do deputado federal Marco Feliciano (sem partido), com um post crítico ao presidente da Câmara reunindo 5,4 mil curtidas, 826 comentários.
O Instagram também apresentou resultados promissores. Nele, a hashtag ultrapassou os 74 mil engajamentos e sinaliza que os bolsonaristas estão melhorando suas habilidades nessa rede social. Conforme vem noticiando Oeste, as mais recentes campanhas não estão performando com muita eficácia nessa plataforma de mídia.
No Google, o termo “Rodrigo Maia” foi o sétimo mais pesquisado no Brasil. Entre as pesquisas relacionadas que melhor performaram estão “bolsonaro cnn” e “bolsonaro ataca maia”. Já os três Estados com a curiosidade aguçada foram: Amapá, Rondônia e Tocantins. Nos dois primeiros, a maioria dos eleitores votou em Bolsonaro, em 2018. Já Tocantins se dividiu entre o PSL e o PT.
Quanto à circulação de notícias, os veículos alternativos de comunicação tiveram potencial positivo. Informações favoráveis ao nome do presidente da República performaram melhor do que as da imprensa tradicional. Se destacaram os sites de direita Terça LivreConexão PolíticaRepública de Curitiba e Jornal da Cidade Online.

Portanto, os apoiadores do governo estão conseguindo vender a narrativa segundo a qual o presidente Jair Bolsonaro quer governar, mas não consegue por causa das recorrentes interferências do Poder Legislativo.

, Revista Oeste