Veterano de 41 anos busca sexto título, enquanto Jared Goff, 24, joga sua primeira decisão
A nona participação de Tom Brady, 41, no Super Bowl, a partir das 21h30 deste domingo (3), com transmissão da ESPN, terá pelo menos uma semelhança com a estreia do quarterback no jogo decisivo da NFL, há 17 anos.
Em 2002, quando estava em sua segunda temporada na liga de futebol americano, Brady conduziu o New England Patriots na vitória por 20 a 17 sobre o Saint Louis Rams.
O oponente desta noite em Atlanta será o mesmo Rams, que voltou para Los Angeles em 2016, após 21 temporadas no meio-oeste americano, e faz sua primeira participação no Super Bowl desde 2002.
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Já o time de Massachusetts retorna pela nona vez desde então. Nas oito vezes em que esteve na decisão, Brady venceu cinco (2002, 2004, 2005, 2015 e 2017) e perdeu três (2008, 2012 e 2018).
Nenhum quarterback jogou tantas edições de Super Bowl quanto o astro do Patriots.
Em 2002, aos 24 anos, Brady foi eleito o melhor jogador da decisão contra o Rams.
O momento mais marcante daquele jogo ocorreu a um minuto e 30 segundos do fim. Depois de abrir 17 a 3 nos três primeiros quartos, o Patriots havia permitido o empate do Rams, então liderado pelo quarterback Kurt Warner.
Brady decidiu não esperar pela prorrogação e assumiu riscos. Comandou uma campanha relâmpago, já que seu time não tinha mais pedidos de tempo, e permitiu um chute vencedor de 48 jardas.
Aquele Super Bowl marcou o começo da maior dinastia da NFL e deu origem a uma história curiosa, que ficou conhecida na imprensa dos EUA.
Após o título de 2002, Brady teria pedido permissão a Bill Belichick, técnico do time, para viajar a Disney em vez de retornar com o grupo.
É uma tradição que os vencedores do prêmio de melhor jogador cumpram roteiro no parque de Orlando. A resposta de Belichick teria sido: “Claro que pode ir. Quantas vezes você ganha o Super Bowl?”.
Cinco até agora, número que fez o quarterback e sua equipe serem tão admirados quanto odiados pelos rivais.
Cinco até agora, número que fez o quarterback e sua equipe serem tão admirados quanto odiados pelos rivais.
Também contribuíram para a imagem negativa do time a revelação de casos de espionagem de adversários e o episódio das bolas murchas.
Patriots e Brady foram acusados de esvaziar bolas para prejudicar o Indianapolis Colts na final de conferência em 2015 e acabaram punidos com suspensão e multa.
Já sobre os resultados da equipe há pouco o que contestar. Após a derrota para o Philadelphia Eagles no Super Bowl do ano passado, especulou-se a respeito do fim da hegemonia de New England.
Nada disso. Mesmo com cinco derrotas em 16 partidas na temporada, pior marca desde 2009, o Patriots se classificou de forma tranquila aos playoffs. Neles, demonstrou a força de sempre. Bateu o Los Angeles Chargers e o Kansas City Chiefs, sensação do torneio.
Se de um lado velhos conhecidos estarão em ação, o Los Angeles Rams é o responsável por trazer novos ares ao Super Bowl. O quarterback Jared Goff, 24, fará contraponto a Tom Brady, assim como o técnico Sean McVay, 33, será o oponente de Belichick, 66.
McVay chegou ao Rams há duas temporadas e encontrou Goff, primeira escolha do draft de 2016, sob críticas após um fraco ano de estreia. Eles cresceram juntos e no ano passado levaram o time aos playoffs.
Além disso, transformaram o pior ataque da NFL no melhor de um ano para o outro. A trajetória de evolução da dupla continuou neste ano, culminando com o Super Bowl.
McVay, que se tornou o treinador mais jovem a chegar à decisão, é considerado um fenômeno. Sua habilidade para montar ataques é tudo o que a NFL mais deseja para manter a popularidade da liga. Já o estilo calmo de Goff pode não chamar a atenção como o jeito explosivo de Patrick Mahomes, revelação do Chiefs, mas tem se mostrado eficiente.
Caso ele vença pela primeira vez com a mesma idade que Brady, será impossível se manter tão discreto. Mcvay, que já mostrou ótima capacidade de comunicação com o armador das jogadas do Rams, não tem dúvidas de que isso é possível.
“Você não pode fugir da magnitude do jogo, mas eu realmente não senti que algum momento seja grande demais para esse cara”, afirmou.
Daniel E. de Castro, Folha de São Paulo