
Tropas de choque do chavismo, os chamados coletivos, reprimiram neste sábado moradores da cidade venezuelana de Santa Elena que pretendiam participar das ações para abrir um canal humanitário na fronteira com o Brasil e, segundo a prefeitura da cidade venezuelana, quatro pessoas já morreram e 25 foram feridas a tiros. Um dos mortos é um adolescente de 14 anos, cujo nome não foi divulgado; o outro, adulto, foi identificado como José Hernandez.
A Foro Penal, uma das principais organizações da sociedade civil para a defesa dos direitos humanos na Venezuela, enviou representantes à região da fronteira com o Brasil que estão acompanhando e ajudando as vítimas da repressão.
— Já temos duas mortes confirmadas, mas serão muitas mais. Todos os feridos foram atingidos por balas, entre eles três mulheres — assegurou Alfredo Romero, presidente da ONG, antes do anúncio da prefeitura.
Segundo ele, os moradores de Santa Elena foram brutalmente atacados pelos coletivos chavistas — grupos armados pelo governo — após a oposição venezuelana ter anunciado que um dos caminhões com doações para a Venezuela estava em território venezuelano. A informação é parcialmente correta, já que os caminhões estão tecnicamente em território venezuelano, mas não passaram, ainda, o posto de controle migratório.
Os atacados se dirigiam, ampliou Romero, à região da fronteira para ajudar no transporte dos alimentos e medicamentos já que um dos cenários que está sendo analisado é o de que voluntários carreguem a ajuda humanitária e tentem atravessar a pé a fronteira.

Uma ambulância foi vista na região próxima à fronteira com o Brasil e um dos enfermeiros que estava dentro dela anunciou pela janela que estava transportando feridos vítimas da repressão. A cidade de Santa Elena sofreu neste sábado um apagão, similar a outros ocorridos durante a semana passada. O sinal de internet está falhando e instalou-se um clima de pânico na região.
Na última sexta, dois indígenas foram assassinados por agentes da Guarda Nacional Bolivariana (GNB), ataque que levou comunidades indígenas locais a sequestrarem quatro membros da GNB, que continuam retidos. Em menos de dois dias, pelo menos quatro pessoas foram assassinadas na região. O nú8mero de feridos já supera 30 pessoas.
Janaína Figueiredo, O Globo