A equipe do presidente Jair Bolsonaro prepara um “roadshow” para apresentar a reforma da previdenciária ao mercado financeiro e o lançamento de uma campanha televisiva para esclarecê-la à população.
A ideia é que os líderes das siglas aliadas ao Palácio do Planalto sejam os primeiros a receber o conteúdo do projeto. Na sequência, o texto da proposta será detalhado em encontros com entidades empresariais, centrais sindicais, veículos de imprensa e partidos políticos.
O lançamento de um “roadshow” e de campanhas televisivas para tentar reduzir as resistências à iniciativa também foram táticas escolhidas pelo ex-presidente Michel Temer quando tentou aprovar no Congresso Nacional mudanças nas regras de aposentadoria.
Apesar do fracasso de Temer, integrantes da equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes, estão confiantes. Eles dizem que a reforma de Bolsonaro irá atacar os privilégios e lembram que já apresentaram medidas para combater fraudes no INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), o que pode diminuir a margem de críticas.
O novo governo deve concluir as medidas de endurecimento nas regras de aposentadoria até meados de fevereiro. Depois disso, as lideranças partidárias na Câmara serão chamadas ao Palácio do Planalto para que o governo apresente a proposta a todos.
Só então é que o texto da reforma da Previdência será encaminhada ao Congresso Nacional, como uma emenda ao projeto enviado por Temer e que já está pronto para ser votado no plenário da Casa. Isso está planejado para a segunda ou terceira semana de fevereiro.
Até balizar a base de apoio na Câmara e os votos favoráveis à reforma, o governo adotará dois movimentos: em Brasília, levará técnicos a reuniões de bancadas e, fora da capital federal, visitará agentes de mercado, entidades da sociedade e representantes de trabalhadores, exaltando a necessidade de aprovação da proposta.
A equipe econômica também marcará uma série de entrevistas para detalhar o assunto. Uma cartilha com os detalhes do projeto também deve ser produzida para municiar com informações a base aliada, dando-lhe argumentos para defender a iniciativa.
Na estratégia política, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, montou um time de ex-parlamentares que está responsável pela articulação no Congresso. A liberação de cargos e emendas para conseguir o apoio necessário é uma das opções, segundo integrantes do governo, que ainda não sabem qual o tamanho da base nas Casas.
O calendário de votação da proposta de reforma da Previdência irá depender da construção dessa base e será acordado com os presidentes da Câmara e do Senado. A ideia é que Bolsonaro já se reúna com os novos presidentes para discutir o assunto assim que voltar a Brasília.
Como os deputados ainda precisam votar medidas provisórias que têm prioridade na pauta do plenário, o governo ganha tempo para articular o apoio à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Previdência, que precisa do voto de três quintos (257 deputados) da Casa.
Os líderes da base vão reunir as bancadas partidárias e discutir, junto com técnicos da equipe econômica, os pontos da reforma. O secretário especial de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho, também irá ao Congresso para explicar o texto.
Estratégia semelhante foi usada pelo ex-ministro da Fazenda Joaquim Levy, quando passou a articular a aprovação de medidas de ajuste fiscal no segundo mandato da ex-presidente Dilma Rousseff.
A ordem do Planalto é fazer esse diálogo direto com os deputados já que a reforma da Previdência de Bolsonaro será votada diretamente no plenário.
Marinho era deputado e foi relator da reforma Trabalhista, aprovada no governo Temer. Ele é uma das apostas do presidente para aprovar as novas regras para se aposentar.
Onyx e o ministro da Secretaria de Governo, general Santos Cruz, contudo, serão os principais responsáveis pelas conversas com os deputados.
Dias antes do início do ano Legislativo, Onyx deu início a encontros com lideranças partidárias e explicou a estratégia do governo para a reforma da Previdência.
Bolsonaro evitou o diálogo com partidos para nomear os integrantes do primeiro e do segundo escalão do governo.
Integrantes da equipe econômica argumentam que, como a relação do Planalto com o Congresso mudou, não se pode fazer uma previsão de quando PEC será votada. Isso dependerá da articulação com os partidos políticos