O jogo corrido de Gurley pode ser o fiel da balança no equilibrado duelo para definir o campeão da NFL. O camisa 30 justifica o salário ao liderar a estatística de corridas para touchdowns. Na temporada regular, foram 17 dos 23 anotados pelos Rams. Nos playoffs, Gurley carregou a bola mais duas vezes à endzone, totalizando 19 na estatística pessoal.
Mas Gurley, hoje com 24 anos, não está sozinho na lista dos running backs com potencial de traçar uma rota de protagonismo da decisão — embora seja impossível ficar indiferente ao embate entre os quarterbacks Tom Brady, dos Patriots, e Jared Goff, dos Rams. No Mercedes-Benz Stadium, em Atlanta, velocidade, força e jardas conquistas são esperadas também de C.J. Anderson, Sony Michel, James White e até de Rex Burkhead. Sabendo que do outro lado há jogadores desse quilate, as defesas precisam dividir as atenções entre os passes e os avanços por terra.
Calouro de ouro
No banco dos Rams, o técnico Sean McVay tem em Anderson uma opção que se adaptou rapidamente. Ele assinou em dezembro, após passar, ainda em 2018, por Carolina Panthers e Oakland Raiders. Com Gurley sofrendo uma inflamação no joelho, Anderson jogou as últimas duas partidas da temporada regular. Nos dois jogos dos playoffs, mesmo com o titular à disposição, C.J. teve mais corridas do que o astro do time: 39 a 20.
Aos 27 anos, Anderson ainda conta com a experiência de já ter vencido o Super Bowl com o Denver Broncos na temporada 2015. Justamente neste ano, Todd Gurley foi a 10ª escolha do draft, deixando a Universidade da Georgia.
No time universitário de 2014, Todd tinha como colega um filho de imigrantes haitianos que na infância não gostava de futebol americano porque era colocado para jogar na linha ofensiva de bloqueadores. Não dava para imaginar que hoje ele estaria no outro lado das trincheiras, defendendo os Patriots. É Sony Michel, que já impressionou no primeiro ano como profissional.
— Eu lembro quando ele chegou. Não conseguia correr e agarrar a bola. Tive que ensinar como fazer essas coisas. Espero que ele não faça o que eu ensinei — brincou Gurley, “secando” o ex-companheiro, que foi a 31ª escolha do draft.
Protagonista em decisões
Uma lesão atrapalhou a sequência de Michel, mas parece que ele alcançou o auge da forma exatamente nos playoffs. Nos últimos dois jogos, foram cinco corridas para touchdown. Recorde para um calouro na pós-temporada.
Os Patriots têm outro running back que pode resolver: James White. Quando se trata do Super Bowl, o jogador de 26 anos sabe o que é ser protagonista. Na final de 2016, White anotou dois touchdowns (TDs) corridos, inclusive o que selou a virada na prorrogação sobre o Atlanta Falcons, além de ter alcançado a endzone recebendo um passe.
White é conhecido por fazer essa dupla função de recebedor. Nos Patriots, ele supera marcas de quem é pago para isso. Na temporada regular, agarrou 87 passes e anotou sete TDs. Correndo com a bola, fez outros cinco. O principal wide-receiver do time, Julian Edelman, foi alvo de 74 passes e marcou seis TDs.
É por esse cenário que o Super Bowl fica imprevisível. Resta saber quem irá distribuir autógrafos por aí na condição de campeão da NFL. E sem ser punido.
Igor Siqueira, O Globo