quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

"Leilão marca novo avanço na área elétrica", editorial do Estadão

O último leilão de transmissão de eletricidade de 2018, realizado há alguns dias, foi um marco dos avanços do setor elétrico brasileiro promovidos pelo governo federal. Foram leiloados 16 lotes de linhas e subestações em 13 Estados, perfazendo 7,15 mil km de extensão, com investimentos previstos de R$ 13,2 bilhões. Graças ao deságio médio alcançado, de 46,08%, o custo da eletricidade para os consumidores será bem inferior ao máximo previsto pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
No total, a economia para os consumidores será da ordem de R$ 1 bilhão por ano nas linhas leiloadas. O valor máximo permitido de receita anual era de R$ 2,1 bilhões e foi reduzido para R$ 1,15 bilhão. “É, sem dúvida, um ótimo indicador”, declarou o sócio da consultoria PSR Luiz Augusto Barroso. O deságio superou os porcentuais médios de leilões anteriores, da ordem de 30%.
O segmento de transmissão é o filé mignon do setor de energia, pois as receitas têm elevada previsibilidade e o prazo das concessões é de 30 anos. O interesse dos investidores se deve ainda à segurança jurídica dos contratos. A competição é usual, mas, no último leilão, foi particularmente intensa. Daí o maior deságio ter atingido 59%, o que dá uma ideia do grau de interesse pela concessão de uma linha (no caso, no Amazonas).
Os maiores vencedores foram consórcios internacionais. A Neoenergia, controlada pela espanhola Iberdrola, ganhou quatro lotes e deverá investir R$ 6 bilhões nos próximos anos. Outros vencedores relevantes foram a canadense Brookfield, a indiana Sterlite, a espanhola Elecnor e a CPFL, controlada pela estatal chinesa State Grid.
A Região Sul será a mais beneficiada. Metade dos lotes leiloados se situa no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina e no Paraná. A operação comercial das linhas e subestações deverá ocorrer entre 48 meses e 60 meses a partir da assinatura dos contratos de concessão, prevendo-se uma geração de 28 mil empregos.
O setor de energia começou a ser arrumado nos últimos anos, depois de decisões equivocadas do governo Dilma Rousseff que, a pretexto de reduzir tarifas, provocou enormes prejuízos para as empresas e os consumidores que ficaram com a conta. Cabe ao novo governo dar sequência às boas políticas, agindo para reduzir mais o custo da energia.