O tom positivo prevalecia na Bolsa paulista nesta sexta-feira, 28, último pregão do ano, com as ações da Petrobrás entre as maiores altas do Ibovespa, além da Eletrobrás, que realizou leilão da Distribuidora Ceal.
Por volta das 16h, apenas uma ação registrava queda. Os papéis ordinários caíam 1,20%, a R$ 18,13, enquanto o índice subia 2,44%, para 87.543 pontos. O volume de negócios na Bolsa é considerado pequeno, de R$ 6,57 bilhões, com previsão de chegar a R$ 8,51 bilhões até o fim do dia. O mercado aproveita o dia para fazer um balanço dos investimentos de 2018 e já planejar os negócios para o ano que vem.
A alta nos futuros acionários em Wall Street e sinalizações benignas da equipe do presidente eleito Jair Bolsonaro quanto a medidas fiscais corroboravam os ganhos no pregão brasileiro.
Entre os destaques internos estão os papéis da Petrobrás, com alta de 3,11% nas ações ordinárias e 2,45% nas preferenciais após a diretoria da petrolífera de controle estatal aprovar mecanismo de proteção complementar à política de preços do diesel, semelhante ao utilizado na gasolina, que permitirá à companhia manter a cotação do produto estável nas refinarias por um período de até sete dias em momentos de elevada volatilidade.
As ações da Eletrobrás continuam em alta com a expectativa de realização do leilão da Distribuidora Ceal, de Alagoas. A Equatorial Energia arrematou a distribuidora de energia. No meio da tarde desta sexta-feira, as ações ordinárias subiam 1,92%, para R$ 24,39, enquanto PNB tinha alta de 1,66%, para R$ 28,18. Última das seis distribuidoras da Eletrobrás a ser leiloada, a Ceal é considerada a de maior atratividade. Entre os candidatos a levar a empresa, estão Energisa e Neoenergia, que detêm outras concessões de distribuição de energia nas proximidades, Equatorial e Enel
Após meses de elevada volatilidade, em meio às eleições 2018 e disputas comerciais no exterior, entre outros fatores, o Ibovespa deve encerrar 2018 no azul pelo terceiro ano seguido, depois de subir 27% em 2017 e 39% em 2016.
A alta ocorre mesmo após forte saída líquida de estrangeiros do segmento Bovespa, de R$ 11 bilhões no ano até o dia 21 de dezembro, dado o ambiente global mais hostil a mercados emergentes e certa hesitação com a mudança do comando do país.
Glauco Legat, analista da Necton Corretora, diz que o ano foi bom, mas com um certo desgaste mais perto do final do período.
"O cenário externo é o grande desafio agora. O Brasil não é um ilha e o fluxo de investimento estrangeiro é muito importante. Vamos torcer para o mercado externo não piorar e não abortar os investimentos programados para o País. Apesar disso, começamos o ano otimistas. Temos uma política atraente para os agentes econômicos, com reforma da previdência, reforma fiscal, redução de gastos e privatizações. O próximo governo tende a fazer políticas liberais. Acreditamos que o mercado só vai piorar se não tiver aprovação ou se as reformas não forem estruturais, forem apenas para inglês ver", diz Legat.
Para o gestor Henrique Bredda, da Alaska Asset Management, a alta do Ibovespa no ano prova que, embora existam distrações no meio do caminho, a bolsa reflete os lucros das empresas, que em 2018, no agregado, subiram bastante em relação a 2017.
“Acreditamos que isso deve se repetir em 2019 versus 2018”, afirmou Bredda, que trabalha com um cenário de melhora da economia no próximo ano calendário. A Alaska tem atualmente sob gestão cerca de R$ 8 bilhões.
“Nós estamos com uma capacidade ociosa muito grande, e, conforme o PIB for se recuperando, as receitas vão voltando sem aumento de custo fixo e sem a necessidade de investimentos adicionais, o que acaba turbinando os lucros”, destacou.
Bredda também ressaltou que as empresas buscaram melhorar a eficiência após anos de crise, o que deve respaldar a expansão mais rápida dos lucros, assim como o efeito da queda da taxa Selic sobre o custo do endividamento das companhias, aumentando a geração de caixa das empresas.
Mercado externo
O último pregão da semana – e do ano para Frankfurt e Milão – foi marcado por recuperação das recentes perdas e as principais bolsas europeias fecharam em alta.
A Bolsa de Londres terminou com ganho de 2,27%, Paris avançou 1,74% e Frankfurt valorizou 1,71%. Já a Bolsa de Milão teve acréscimo de 1,44%, Madri expandiu 1,55% e Lisboa teve alta de 1,30%.
Ainda assim, no mês de dezembro, Londres e Paris acumulam perdas de 3,53% e 6,50%, respectivamente. Enquanto isso, a Bolsa de Milão e de Frankfurt terminaram 2018 com baixas de 4,51% e 6,20%, nesta ordem, este último atingindo a maior perda anual desde uma queda de 43% em 2008.
O bom humor desta sexta-feira foi liderado pelas ações de empresas de tecnologia e de bancos. Entre os destaques, a alemã Infineon acelerou 3,39%, enquanto a Logitech, ambas negociadas em Frankfurt, subiu 3,11%. No setor bancário, o banco italiano BPM ganhou 4,19% e o londrino Metro Bank disparou 6,28%.
Além de uma recuperação das perdas acumuladas, o bom desempenho desta sexta-feira foi impulsionado também pelos ganhos de Wall Street nos dois últimos dias.
As bolsas de Nova York operam voláteis e próximo a estabilidade, após uma semana de fortes oscilações, que capturou a incerteza que os investidores estão em relação ao ano de 2019 em meio a preocupação com uma desaceleração econômica global.
Entre os destaques de alta, as ações da Tesla sobem 1,36% depois que a fabricante de carros elétricos nomeou dois novos diretores independentes – incluindo o presidente da Oracle, Larry Ellison, e Kathleen Wilson-Thompson, chefe global de recursos humanos da Walgreens Boots Alliance, para uma diretoria que tem sido criticada em meio a supervisão do executivo-chefe Elon Musk. Às 13h26, o Dow Jones subia 0,05%, o S&P 500 caía 0,01% e o Nasdaq tinha queda de 0,26%.
WAGNER GOMES E NIVIANE MAGALHÃES, com informações da Dow Jones Newswires e Reuters.
O Estado de S.Paulo