A cerimônia de diplomação do presidente eleito para comandar a República, nos próximos quatro anos (pelo menos), mostrou as múltiplas faces do Jair Messias Bolsonaro que o País terá pela frente, a partir do primeiro dia de janeiro de 2019.
A começar pelo tipo emotivo, a ponto de derramar lágrimas em vários momentos, e de pedir permissão (com jeito de colegial no primeiro dia de aula, diante da professora) para beijar a face da presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Rosa Weber, em renovada autocrítica e mais um pedido de desculpas, pelas suspeitas que levantou contra a segurança e inviolabilidade das urnas eletrônicas.
Conciliador, ao dizer que governará para todos, “sem distinção de origem social, sexo e cor”. Impulsivo e temerário (principalmente quanto aos partidos e seus parlamentares no Congresso), ao anunciar que pensa governar mantendo relação direta da administração publica com as pessoas e a sociedade, graças aos avanços da tecnologia e do alcance das redes sociais em geral. Em particular, ao conhecimento da velocidade do Twitter e do poder incalculável de comunicação do WhatsApp, cujo domínio aprendeu com o filho Carlos, durante a campanha eleitoral.
Afirmativo e direto ao proclamar: “Não mais a corrupção, a violência, as mentiras”…
Afirmativo e direto ao proclamar: “Não mais a corrupção, a violência, as mentiras”…
Em resumo, são algumas das mais significativas e intrigantes, entre tantas e contraditórias “personas” reveladas na diplomação. Eis o cara, o político, o capitão da reserva do Exército, o homem que governará o Brasil. Convenhamos: aproxima-se – mesmo para os mais céticos – uma mudança e tanto. A partir do Ano Novo que bate às portas.
Aos 88 anos, vibrante como sempre, depois de 32 anos de atividade parlamentar e uma vida inteira de luta em defesa da democracia e da moralidade pública, no seu Rio Grande no Sul e do Brasil, o ex-senador Pedro Simon faz visita honrada e honrosa a Salvador. Enquanto Bolsonaro desempenha com surpreendente desenvoltura seu multifacetado papel, no palco do TSE – onde a discreta, em geral, ministra Rosa Weber decide chamar também para si, e para o poder que ela representa, uma parte do protagonismo.
E o faz em longo discurso em defesa das liberdades individuais, a propósito de celebrar (na diplomação do presidente eleito com quase 60 milhões de votos), os 70 anos da Declaração dos Direito do Homem, das Nações Unidas. Com o auditório ocupado em grande parte por uma fauna renovada de parlamentares, militares de diferentes forças, amigos, parentes e convidados para o ato de diplomação do futuro presidente, e de seu vice, general Hamilton Mourão. Compreensível o mal estar (mal contido) provocado pela fala da ministra.
O experiente bom gaúcho, Pedro Simon, viu tudo na capital baiana, e não se abalou nem se mostrou impressionado, nos encontros dos quais participou, nos discursos que fez e nas entrevistas que deu. A mais importante, de página inteira, na Tribuna da Bahia, ao editor de Política, Osvaldo Lyra. Entusiasta da Lava Jato, Simon se mostra empolgado com a formação do ministério do futuro governo. “O fim do famoso toma-lá-dá-cá” que imperava… “Vamos seguir no combate à corrupção, vamos dar força ao Moro”, pede na entrevista. Diz mais, muito mais, sobre o futuro de seu MDB, sobre Bolsonaro, sobre os militares, sobre os destinos e querelas do Brasil. Notável Pedro Simon, mas fica para outro artigo.
Vitor Hugo Soares é jornalista, editor do site blog Bahia em Pauta
Com Blog do Noblat, Veja