Os políticos que não gostam do presidente eleito Jair Bolsonaro, e até mesmo os que se escalam para lhe fazer dura oposição, admitem contrariados e em voz baixa: o capitão está dando um show de bola até aqui, deixando parte da direita perplexa e a esquerda sem saber o que fazer.
Bolsonaro disse que não haveria toma-lá-dá-cá quanto tivesse que escolher seus ministros – e cumpre a palavra. Ignora os partidos e os grupos de pressão. Se os ministros escolhidos não derem conta do recado, o problema será seu. Mas trocar ministro é como trocar uma lâmpada.
Bolsonaro disse que a escolha dos ministros se basearia antes de tudo em critérios técnicos – e cumpre a palavra. Quer escolha mais técnica do que a do astronauta indicado para o Ministério da Ciência e Tecnologia? Pelo menos ele já viu o planeta à distância.
Bolsonaro disse que governará com menos auxiliares e cortando gastos – e parece disposto a cumprir a palavra. Haverá fusão de ministérios e extinção de órgãos desnecessários. Cargos comissionados serão suprimidos. E empresas estatais privatizadas. Não há por que duvidar de que será assim.
Bolsonaro disse que o combate à corrupção e ao crime organizado será prioridade do seu governo. E para provar que falava sério, foi buscar o juiz Sérgio Moro para cuidar das duas coisas. Seu eleitor comemora a compra do passe de Moro à justiça. Seu não eleitor estrebucha na maca irritado.
Se o combate à corrupção e ao crime for um fiasco, jogará a culpa em Moro. Se a reativação da economia se frustrar ou se ficar aquém do esperado, jogará a culpa no seu Posto Ipiranga que não terá sido a Brastemp que ele tanto desejava.
A dois meses de assumir o cargo, Bolsonaro já tem desenhada sua sucessão. Ou será candidato outra vez se o Congresso não acabar com a reeleição ou terá em Moro um candidato forte. Precisará combinar com os eleitores, mas haverá tempo para isso.
Com Blog do Noblat, Veja