
Apesar da ação se passar no fim de novembro de 1988 (era um filme natalino, afinal), o longa foi lançado inicialmente no dia 12 de julho daquele ano, em Los Angeles, antes de chegar ao demais cinemas americanos três dias depois — no Brasil, o lançamento foi no dia 27 de outubro.
O filme custou, à época, apenas US$ 28 milhões, mas arrecadou mais de US$ 140 milhões, uma marca significativa que serviu como parâmetro e influência para diversos blockbusters de ação que o seguiriam — desde "A força em alerta" (1992) e "Velocidade máxima" (1994) a "A rocha" (1996), "Con Air: A rota da fuga" (1997), até, mais recentemente, "O ataque" (2013), com Channing Tatum e Jamie Foxx.
O último longa de Dwayne "The Rock" Johnson, "Arranha-céu: Coragem sem limite", lançado em julho, é a mais recente e uma das mais evidentes imitações de "Duro de matar" até hoje.
"Duro de matar" fez de Bruce Willis uma estrela de Hollywood — até então, ele era mais conhecido por seu papel cômico como um detetive particular na série "A gata e o rato" (1985-89), contracenando com Cybill Shepherd. O longa ainda consagrou internacionalmente o britânico Alan Rickman (1946-2016), por sua atuação memorável como o grande vilão Hans Gruber.

O filme de John McTiernan tornou-se um fenômeno da cultura pop, gerando quatro sequências até o momento e cultivando uma base de fãs fiel, muitos dos quais afirmam que "Duro de matar" é o melhor filme de Natal de todos os tempos — poucos deles são mais fervorosos que Jake Peralta (Andy Samberg), o protagonista da série de comédia "Brooklyn Nine-Nine".
O que talvez seja menos sabido é que o filme foi baseado em um romance: o thriller "Nothing lasts forever", de Roderick Thorp, lançado em 1979, que não chegou a ter edição brasileira. O livro é uma sequência do trabalho anterior de Thorp, "The detective" (1966), que acompanha o detetive novaiorquino Joe Leland, contratado por uma femme fatale e envolvido numa teia de mentiras.
"The detective" também foi adaptado para o cinema: "A lei é para todos" (1968), de Gordon Douglas, teve Frank Sinatra no papel principal.

A ideia para fazer uma sequência com o mesmo personagem veio a Thorp enquanto ele assistia a "Inferno na torre" (1974), filme de John Guillermin sobre um arranha-céus em chamas estrelado por Paul Newman e Steve McQueen. Segundo a lenda, Thorp cochilou no cinema e sonhou com o seu Joe Leland sendo perseguido em um arranha-céus por bandidos armados.
O resultado disso, "Nothing lasts forever", é bastante similar ao enredo da obra-prima de McTiernan, exceto algumas mudanças de nomes. Leland obviamente virou McClane; Gruber também está no livro, mas é conhecido como Anton "Little Tony the Red" Gruber; a torre em si é a sede da Klaxon Oil Corporation, não o prédio comercial Nakatomi. O sargento Al Powell, interpretado por Reginald VelJohnson no cinema, também está fidedignamente nas páginas.

Produtores tinham a esperança de que Sinatra voltaria a fazer Leland na sequência, mas o crooner alegou estar muito velho na época — o convite foi feito em meados de 1980, quando Sinatra já tinha seus 70 anos — e o papel foi oferecido para Arnold Schwarzenegger. O fortão também recusou a oferta, e Willis acabou sendo escalado como protagonista.
Embora Bruce Willis não tenha aparecido proeminentemente nos primeiros cartazes do filme devido à sua relativa obscuridade, sua atuação impecável para o papel se mostrou central para o apelo que "Duro de matar" viria a ter. Como o trailer dizia: "John McClane é um homem fácil de se gostar, mas um homem duro de matar".

O romance de Thorp, porém, não foi a única influência literária surpreendente de "Duro de matar". No roteiro original, o cerco de Gruber durou três dias. Mas McTiernan decidiu mudá-lo para que a ação se passasse ao longo de uma única noite depois de ler o clássico de Shakespeare "Sonho de uma noite de verão".
Joe Sommerland, do 'Independent'