Em depoimento à Justiça Federal nesta sexta-feira (9), o empresário Leo Pinheiro, da OAS, disse que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu sigilo sobre as obras no sítio de Atibaia (SP), que ele frequentava.
Além de solicitar a destruição de documentos que fizessem menção à obra, Lula teria orientado, segundo Pinheiro, que toda a reforma fosse mantida na máxima discrição possível.
“Ele combinou comigo que tudo bem, [a OAS] poderia iniciar [as obras]. Mas [disse]: ‘Eu só lhe pediria, Leo, que as pessoas não se apresentassem na cidade de Atibaia, por questão de sigilo. Que não tivessem uniforme, essas coisas, da OAS”, afirmou o empresário.
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Segundo ele, foi levada uma equipe “de confiança” de três ou quatro pessoas para Atibaia, no início de 2014, que dormiam no sítio e só compravam materiais em lojas da cidade.
“O presidente tinha me orientado que eu não fizesse nada em nome da OAS”, afirmou Pinheiro, que disse ter atendido ao pedido de Lula “pelo nosso relacionamento, pelo que ele fez pela empresa”.
O empreiteiro é réu na ação que apura crimes de corrupção e lavagem de dinheiro na reforma do sítio de Atibaia –que, segundo o Ministério Público Federal, pertencia de fato ao ex-presidente.
As reformas foram pagas pelas empreiteiras OAS e Odebrecht, investigadas na Lava Jato.
Lula nega irregularidades, afirma que o sítio não está em seu nome e diz ser perseguido politicamente pela Operação Lava Jato.
Já Pinheiro, por sua vez, negocia um acordo de delação premiada com os investigadores. Ele está preso em Curitiba desde 2016.
Segundo o empreiteiro, a OAS gastou cerca de R$ 400 mil na obra, que fez mudanças na sala, na cozinha e no lago do sítio. O ex-presidente teria solicitado a reforma pessoalmente a Pinheiro, que disse que ele jamais perguntou como ressarciria a OAS pelos custos.
O dinheiro, de acordo com a denúncia, foi desviado de contratos com a Petrobras.
Estelita Hass Carazzai, Folha de São Paulo