quinta-feira, 22 de novembro de 2018

"Cachorro ‘racista’, trans estuprador e polícia britânica amarrada", por Vilma Gryzinski

Sabe aquela do cachorro que fez cachorrada na calçada do vizinho? O caso foi denunciado como crime racista e a polícia britânica teve que investigar a sujeira canina.
Teve a da briga de vizinhos por causa de vaga na rua, um assunto muito sério nas vias superlotadas da Londres de casas sem garagem. Acabou com um rato morto jogado por cima da cerca. Racismo, claro. Lá foi a política abrir um inquérito.
Mais sério foi o da trans Karen White. Era um estuprador conhecido, Stephen Wood. Prontuário: expôs os órgãos sexuais a crianças num parquinho; abusou de dois meninos, de nove e 12 anos. Preso, estuprou a mulher de um amigo, grávida, durante uma “saidinha”.
Como se declarou mulher e passou a usar maquiagem, peruca, vestidos e seios postiços, mas sem chegar aos finalmente, a justiça muito politicamente correta o transferiu para uma penitenciária feminina. Estuprou várias vezes uma presa.
Agora, recebeu sentença de prisão perpétua que não é perpétua, só tem um período obrigatório de regime fechado.
Nada, porém, se compara aos diversos casos de grupos de paquistaneses, na maioria, chamados de “asiáticos” para não causar ofensa, que em várias cidades inglesas, durante anos, atraíram meninas inglesas para transformá-las em escravas sexuais.
Depois de seduzidas, entorpecidas com drogas e álcool, eram passadas de mão em mão durante anos. Policiais faziam vista grossa e serviços sociais ignoravam os pedidos de socorro das meninas.
Houve um episódio em que a polícia chegou a invadir o quarto onde um “asiático” estava com uma menor de quinze anos. Disse que eram namorados e os policiais foram embora.
Na maioria, as meninas, geralmente na faixa dos 13 anos ao começarem a vida de violências e humilhações, eram de famílias complicadas ou moravam em abrigos.
Mas havia casos de meninas que os serviços sociais ignoravam porque moravam “em casas com cozinha e estufa”  um símbolo de classe média na Inglaterra, onde o puxadinho envidraçado é uma obsessão nacional. Não estavam na categoria ameaçada.
Muitas dessas gangues só estão sendo condenadas agora, depois que a farsa da proteção antirracista foi derrubada.

BRIGAS NAS REDES

Investigar “crimes de ódio” tão sérios quanto o do cachorro “racista” e ignorar crimes reais é um dos vários problemas da polícia britânica, às voltas com uma onda de crimes que praticamente não existiam e agora causam escândalo: as mortes por facadas, por motivos extremamente fúteis, entre grupos de jovens na periferia e os roubos praticados por gangues de motoqueiros.
Os homicídios por arma branca em Londres aumentaram 16% este ano e chocam pela banalidade. Jovens de 15, 16 anos são mortos no meio da rua por causa de brigas que começam nas redes sociais. Também acontece o oposto: idosos, geralmente mulheres, assassinados na cama para roubos banais.
As gangues continuam a toda e vítimas famosas aparecem sem parar. As mais recentes foram uma apresentadora do programa matinal da BBC e outro conhecido DJ. O ministro da Segurança, Sajid Javid, perdeu o celular em junho, ao sair da estação de metrô de Euston e pegar o telefone para chamar um Uber.
Ah, como é bom um país onde ministros andam de metrô e pegam Uber. A criminalidade local nem remotamente se compara ao massacre diário no Brasil. Só para dar uma ideia: os homicídios que escandalizam Londres atingiram o número de cem. Um horror, para eles.
Além disso a polícia, de legendária eficiência e educação, está perdendo todas. Os próprios policiais dizem que perdem um tempo absurdo nos casos como o do cão de defecação abusada.
Também precisam responder quando outros abusos, como assobios e outros ruídos desagradáveis, ofendem mulheres que passam por antros de pecado como canteiros de obras (ainda não chegou ao nível da França, onde o crime de assédio pode dar multa e prisão, mas misoginia ofensas baseadas em idade estão para ser incluídas) no guarda-chuva do ódio.

‘TRIBUNAL DO TWITTER’

É claro que, em sociedades contemporâneas, grupos que eram excluídos demandam proteção legal.
Mas existe todo um enorme campo de discussão, resumido assim por Brendon O’Neill na Spectator: “Ter uma lei especificando que um homem que esmurra um budista porque odeia o budismo deve ser punido mais severamente do que o homem que esmurra um budista porque odeia aquele indivíduo por alguma razão. Quando vamos perceber que isto significa punir pensamento, ideologia ou crença (distorcida, mas e daí?)”.
Ninguém está falando em feminicídio, mas em exageros politicamente corretos que engessam a ação policial, segundo os próprios policiais.
“Abominamos crimes reais motivados ou agravados por intolerância ou preconceito”, disse recentemente o diretor de uma organização policial, Richard Cooke. Mas um assobio para uma mulher ou uma palavra cruel dirigida a um idoso não deveriam mobilizar forças policiais.
“Não acredito nem por um segundo que o público, fora do politicamente correto ‘tribunal do Twitter’, espera isso de nós. Precisamos focar no crime real, baseado em evidências concretas, e não encorajar as pessoas a achar que podemos resolver problemas sociais profundos ou ensinar boas maneiras a pessoas mal educadas.”
O ministro da Segurança, Sajid Javid, que é uma espécie de oposto de Sadiq Khan, o prefeito de Londres. Ambos são filhos de motoristas de ônibus de origem paquistanesa, muçulmanos, que deram um duro danado para subir na vida e souberam aproveitar as oportunidades. Javid é do Partido Conservador e Khan, do Trabalhista.
Javid promete mais recursos para a polícia  onde será que ouvimos isso antes?  e uma adaptação a criminosos que “aprenderam muito mais do que poderíamos esperar”. Inclusive truques como o das duplas de ladrões de moto em que o carona tira o capacete para impedir perseguição policial sob risco de pôr a vida dos bandidos em risco. Ou a novidade do momento, os truques rápidos e eficientes para abrir e furtar carros sem chave.
Sadiq Khan faz cara de compungindo a cada novo esfaqueamento, mas é contra medidas como a polícia parar e revistar jovens de comportamento suspeito.
Este método precisa de uma autorização especial, com período e área bem definidos, mas só depois que um crime foi cometido. Como culpados e vítimas de crimes violentos, na maioria, são BAME (acrônimo em inglês para negros, asiáticos e outras minorias), a esquerda recusa qualquer medida que possa parecer discriminatória, mesmo quando o preço cruel seja as vidas de seus protegidos.
Cressida Dick, a chefona da polícia de Londres, é a favor das revistas mais ampliadas, com métodos antiabuso como câmeras corporais que registram toda a ação dos policiais.
Por enquanto, os bandidos estão ganhando em Londres e outras cidades britânicas. E a legenda dos policiais desarmados (mas com colete, cassetete telescópico e gás) vai perdendo o encanto. Nem controlar cachorros transgressores estão conseguindo.
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