Após três anos de ostracismo, a atividade de exploração de petróleo no Brasil começa a retomar em 2019, como resultado de leilões promovidos pelo governo e da elevação das cotações internacionais.
Levantamento da agência epbr, especializada no setor, mostra que as petroleiras já licenciaram no Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis) a perfuração de 23 poços exploratórios no próximo ano.
É um patamar equivalente ao de 2015. O número ainda é bem inferior aos 129 de 2011, quando o barril de petróleo era negociado acima de US$ 100 (R$ 414,54), mas é quase três vezes maior do que o registrado em 2017. Na sexta-feira (7), o barril era negociado a US$ 76,83 (R$ 318,49).
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Entre 2011 e 2016, a redução no número de poços foi vertiginosa, reflexo da queda das cotações e dos cinco anos sem ofertas de novas áreas no país.
Poços exploratórios são aqueles perfurados em busca de novas reservas, que vão balizar o investimento na produção futura do petróleo.
Na crise, apenas a Petrobras manteve atividade constante neste segmento, principalmente em busca de confirmar descobertas na área de Libra, que arrematou em 2010.
Nos próximos meses, a estatal inicia campanhas exploratórias na área de Peroba, licitada em 2016, e cujo contrato foi assinado em janeiro.
Os leilões trouxeram de volta investimentos estrangeiros.
A anglo-holandesa Shell, que fez sua última perfuração exploratória em 2010, prevê para 2019 dois novos poços. A norueguesa Equinor e a francesa Total também obtiveram licenças.
Todas tiveram participação ativa em leilões desde 2016.
Ao todo, o governo realizou cinco leilões, que resultaram em 68 áreas arrematadas e arrecadação total de R$ 21,5 bilhões.
Um dos passos iniciais de um projeto de petróleo, a atividade de perfuração demanda a contratação de plataformas e embarcações para o transporte de materiais, além dos insumos necessários para furar as rochas submarinas e construir os poços.
Os fornecedores, porém, ainda veem com desconfiança a possibilidade de retomada dos contratos.
"A demanda por embarcações de apoio marítimo será alavancada à medida que os investimentos previstos pela Petrobras e operadoras estrangeiras em exploração e produção se confirmarem", disse a Abeam, entidade que reúne as empresas de embarcações.
A perspectiva é de retomada no médio e longo prazos.
A cautela é explicada pelo desempenho recente do setor. Entre o fim de 2014 e julho deste ano, a frota contratada no país foi reduzida em um quarto, para 369 embarcações.
No segmento de sondas, a perspectiva é parecida.
Hoje, há duas unidades à espera de contrato na baía de Guanabara. E, embora as estrangeiras já estejam contratando, a Petrobras, maior cliente do setor, pretende manter a estratégia de otimizar o uso da frota atual --tanto de sondas como das embarcações.
Segmento com maior potencial de geração de empregos, porém, a indústria naval só prevê negócios no início da próxima década.
Ainda assim, em ritmo menor do que os do início dos anos 2010, uma vez que os índices de compras obrigatórias no país foram reduzidos pelo governo Michel Temer.
O setor já iniciou conversas com as petroleiras atento ao início da nova fase de exploração do pré-sal. "Deve melhorar com relação ao que está hoje, mas nem de longe chegará ao que foi", diz Sergio Bacci, vice-presidente do Sinaval, o sindicato que reúne os estaleiros.
Na baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, dezenas de navios estão parados à espera de contrato perto da ponte Rio-Niterói. Em outros pontos, duas sondas de perfuração também aguardam clientes.