Com críticas à imprensa e um discurso de que o servente de pedreiro Adelio Bispo de Oliveira não agiu sozinho ao planejar o ataque ao deputado Jair Bolsonaro, manifestantes foram às ruas em São Paulo, Brasília e Rio de Janeiro em defesa do presidenciável do PSL nas eleições 2018. Na capital paulista, apoiadores caminharam do Museu de Arte de São Paulo até a porta da TV Gazeta – onde ocorreu o debate entre candidatos à Presidência organizado em conjunto com Estado, Jovem Pan e Twitter.
Na linha de frente do ato, que durou pouco mais de meia hora, um grupo de mulheres defendeu o porte de armas, uma das principais propostas de Bolsonaro. Aos gritos de “Força, Bolsonaro”, o ato foi filmado pelos organizadores, que prometeram entregar as imagens à família do presidenciável. Ao final, o grupo inflou um “Bolsoneco”, boneco inflável com o rosto do candidato.
Já no Rio de Janeiro, no primeiro evento de campanha presidencial do PSL após o atentado, Flávio Bolsonaro, filho mais velho do presidenciável, candidato ao Senado pelo mesmo partido, disse que a partir de agora “todos são Bolsonaro”.
Com críticas à imprensa, Flávio disse que seu pai não foi esfaqueado porque poderia ser eleito presidente, “mas porque já estava eleito”. Aos jornalistas, disse que teme pela própria segurança porque considera o atentado um ato premeditado que visava toda a família.
“Apreenderam quatro celulares na pensão em que o criminoso estava, ele tinha, sim, problemas mentais, afinal, foi do PSOL”, disse ele. Oliveira foi filiado ao PSOL de Uberaba (MG) entre 2007 e 2014, mas, segundo a direção do partido, não tinha qualquer participação nas decisões.
Em Brasília, general Heleno diz que atentado 'impulsionou' a campanha
Em Brasília, o general da reserva Heleno Augusto Ribeiro comandou uma caminhada por uma das principais avenidas da cidade, em apoio às campanhas do candidato do PSL ao Planalto e do general Paulo Chagas (PRP) ao governo de Brasília. O evento já estava marcado desde o começo da semana passada e, após o ataque em Juiz de Fora, se transformou num ato de solidariedade a Bolsonaro. De megafone na mão, Heleno disse que o atentado “impulsionou” a campanha.
TV ESTADÃO - Veja como foi o ato em Copacabana
Manifestação pró-Bolsonaro em Copacabana
“O trágico incidente de Juiz de Fora, que poderia significar a perda da vontade e do ânimo, só aumentou o entusiasmo e a convicção de que vamos conquistar nosso objetivo, que é a vitória”, disse o general.
Para ele, algum grupo político estaria por trás do ato de “extrema loucura” de Oliveira, que não é um “maluco”. A investigação do caso está a cargo da Polícia Federal. A exemplo de Flávio Bolsonaro, ele também criticou a imprensa, especialmente no que se refere à cobertura sobre declarações do candidato do PSL sobre desarmamento. O general disse que, em qualquer situação, a compra de uma arma só será permitida se forem cumpridos requisitos. Para o general, a imprensa “transforma” as “brincadeiras” de Bolsonaro sobre armas em “coisas sérias” e “factoides”. “Vivem falando que Bolsonaro é violento e prega violência. É mentira.”
Quem são os intoletantes?, pegunta Eduardo Bolsonaro
Na porta do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, onde Bolsonaro está desde a sexta-feira, outro filho do presidenciável, Eduardo Bolsonaro, negou que seu pai use um discurso de violência e culpou a esquerda por disseminar a intolerância no Brasil. “Quem são os intolerantes? Quem é que são os radicais? Será que nós é que somos os intolerantes?”, questionou ele, acrescentando que o agressor saiu vivo e sem ferimentos após o ataque.
Eduardo disse que uma facada, nas circunstâncias do evento em Juiz de Fora, seria muito mais “invasiva e letal” do que um tiro naquela distância. “A faca entrou 12 centímetros. Se fosse uma arma de fogo, teria sido uma lesão até menor.”
Gilberto Amendola, Altamiro Silva Junior, Leonêncio Nossa e Denise Luna, O Estado de S.Paulo