quarta-feira, 29 de agosto de 2018

'Parem de lavar privadas no exterior e voltem', diz Maduro a venezuelanos


O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, clamou pela volta dos cidadãos ao país durante cerimônia em Caracas - HANDOUT / REUTERS

CARACAS - O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, pediu nesta terça-feira aos venezuelanos que deixaram o país devido à grave crise econômica para que retornem à terra natal e "parem de lavar banheiros" em outros países.

— Eu digo aos venezuelanos (...) que querem voltar da escravidão econômica: parem de lavar privadas de banheiros no exterior e venham morar em sua pátria — disse Maduro, em um ato transmitido por televisão e rádio no qual assinou contratos de petróleo.

O presidente afirmou que os venezuelanos que emigraram para o Peru foram movidos por "cantos de sereia" e lá encontraram "racismo, desprezo, perseguição econômica e escravidão".

Por isso, disse ele, seu governo enviou um avião a Lima para que 97 venezuelanos voltassem a seu país nesta segunda-feira.

— Eles queriam voltar para sua terra natal para receber o abraço de seus amigos, vizinhos, companheiros, parentes e o calor humano que sabemos transmitir como venezuelanos — afirmou Maduro.

O líder venezuelano atribui o êxodo a uma "campanha da direita" e disse ter certeza de que os cidadãos retornarão, porque, garante ele, um plano de medidas econômicas que entrou em vigor há uma semana vai retirar o país da crise atual.

— Não é possível que alguns dos venezuelanos que foram lavar privadas no exterior tenham ido como escravos econômicos porque ouviram que é preciso deixar o país — acrescentou o presidente.

A economia venezuelana, dependente do petróleo, está em queda livre desde 2014, quando os preços do produto caíram. Essa queda, combinada à má gestão econômica, provocou uma falta de divisas que derrubou as importações de alimentos e outros produtos básicos. O Fundo Monetário Internacional estimou que a inflação no país neste ano chegará a 1.000.000%, enquanto o PIB cairá 15%.

Fugindo da crise econômica e da escassez de alimentos e remédios, milhares de venezuelanos vêm emigrando desde 2015 para Colômbia, Equador, Peru, Brasil e Chile, o que gerou tensões. O fluxo se intensificou na semana passada.

Cerca de 2,3 milhões de cidadãos da Venezuela — de uma população de 30,6 milhões — vivem no exterior. Destes, 1,6 milhão emigraram desde 2015, segundo a Organização das Nações Unidas.

O presidente do Brasil, Michel Temer, ordenou nesta terça-feira a mobilização do exército para proteger a fronteira com a Venezuela e assegurou que buscará apoio internacional para enfrentar a crise venezuelana que, segundo ele, "ameaça a harmonia" da América do Sul.