O “monte” de soja que os europeus vão comprar dos americanos, conforme anunciou Donald Trump, já está indo para a Europa.
As importações europeias dos Estados Unidos aumentaram 220% em junho, em relação ao mesmo período de 2017, conforme dados divulgados nesta semana pelo governo dos EUA.
O problema para os Estados Unidos é o tamanho desse monte. Apesar do elevado aumento percentual, as vendas americanas de junho somaram apenas 598 mil toneladas de soja para a Europa.
As compras do bloco europeu são limitadas, têm pouca evolução no ano e não vão compensar as feitas pelos chineses. Dados referentes ao mesmo período apontam que as importações de soja pela China, nos Estados Unidos, recuaram 23%.
Na ponta do lápis, os americanos exportaram 405 mil toneladas a mais para a União Europeia em junho, mas trocam um mercado grande por um pequeno.
Nos nove primeiros meses deste ano fiscal (outubro de 2017 a junho último), as exportações de soja dos EUA para a China caíram para 25 milhões de toneladas, 21% menos do que em igual período anterior. As vendas para os europeus somaram apenas 3,9 milhões no período, mas subiram 5%.
Os chineses já estavam prevendo problemas com Trump. Eles elevaram em muito as compras de soja no Brasil em 2017.
Dados da Secex mostram que os brasileiros exportaram 54 milhões de toneladas de soja para o país asiático no ano passado, 38% mais. Neste primeiro semestre, o volume já atinge 36 milhões.
Os chineses ainda dependerão da soja americana nos próximos meses. O Brasil planta neste segundo semestre, mas os Estados Unidos colhem.
Os meses de novembro a janeiro são um período de pico das compras chinesas nos Estados Unidos. No primeiro mês deste ano, compraram 7,8 milhões de toneladas, 28% menos do que em janeiro de 2017.
O volume de compra, porém, deverá ser ainda menor no mercado americano nesta safra 2018/19, devido aos estoques acumulados em 2017 e 2018.
A preferência dos chineses pelos brasileiros está custando caro aos americanos. As exportações totais de soja dos EUA renderam apenas US$ 18 bilhões neste ano fiscal, 10% menos do que as do ano anterior. Já o Brasil obteve esse valor apenas no primeiro semestre.
ADUBO SOBE 11% NO ATACADO E A CONTA CHEGA AO PRODUTOR
As incertezas geradas pela tabela de fretes, originada após a paralisação dos caminhoneiros, provocou alta de 11% no atacado nos preços dos fertilizantes nos meses de junho e de julho.
É o que mostra o IGP-DI (Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna) da Fundação Getulio Vargas.
O novo sistema de cobrança dos fretes elevou o custo do produto, conta que, já detectada no atacado, vai chegar ao bolso dos produtores.
As indústrias deverão distribuir 35 milhões de toneladas de adubo neste ano. Até junho, já tinham feito a entrega de 13 milhões, segundo a Anda (Associação Nacional para Difusão de Adubos).
O IGP-DI de julho indicou que os produtos agropecuários caíram 0,69% no atacado, mas ainda acumulam evolução de 7,83% no ano.
As maiores pressões, além de adubos, vieram de leite "in natura", soja e cana-de-açúcar. Já milho e farelo de soja caíram de preço e ajudaram a segurar a taxa de inflação.