A produção industrial caiu 10,9% em maio ante abril, na série com ajuste sazonal, divulgou nesta quarta-feira, 4, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A queda foi o segundo pior desempenho em toda a série histórica da Pesquisa Industrial Mensal . O recuo foi o mais acentuado desde dezembro de 2008, quando tinha registrado uma perda de 11,2%.
Com a queda, a indústria ficou em patamares próximos aos registrados no final de 2003. Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, a queda de 6,6% em maio foi a mais aguda desde outubro de 2016, quando a indústria encolheu 7,3%, além de ter interrompido uma sequência de 12 meses seguidos de taxas positivas. No ano, a indústria teve alta de 2,0% e em 12 meses, a produção da indústria acumulou avanço de 3,0%.
O gerente da pesquisa, André Macedo, explicou que a principal causa para esse resultado foi a paralisação dos caminhoneiros durante o mês de maio. “A greve desarticulou o processo de produção em si, seja pelo abastecimento de matéria prima, seja pela questão da logística na distribuição. A entrada do mês de maio caracterizou uma redução importante no ritmo de produção”, disse.
O resultado veio dentro das expectativas dos analistas ouvidos pelo Projeções Broadcast, que esperavam desde uma queda de18,00% a 4,60%, com mediana negativa de 14,00%.
Efeitos. O estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno, avalia que o setor deve ter apenas recuperação parcial em junho. Mas mesmo que a atividade recupere o nível de produção de abril, o resultado do segundo trimestre ainda seria negativo de 2,8%, segundo suas contas.
"A indústria não deve crescer dois dígitos em junho. Deve ter alguma perda decorrente da greve e da confiança que também foi impactada", avalia. "É muito provável que o resultado da PIM no segundo trimestre seja bastante ruim. Assim, o PIB do período pode ser negativo, mas não tem como fazer nenhuma projeção confiável. É preciso esperar os dados de junho", diz, completando que a indústria deve ter sido a atividade mais afetada pelo bloqueio nas estradas.
Segmentos. A produção da indústria de bens de capital teve queda de 18,3% em maio ante abril. Na comparação com maio de 2017, o indicador mostrou redução de 6,6% e em 12 meses, a taxa ficou positiva em 8,8%.
Em relação aos bens de consumo, a pesquisa registrou queda de 15,4% na passagem de abril para maio. Na comparação com maio de 2017, houve redução de 9,7%. No ano, a produção de bens de consumo subiu 3,0%. No acumulado em 12 meses, o avanço foi de 3,9%.
Na categoria de bens de consumo duráveis, o mês de maio foi de recuo de 27,4% ante abril, o pior desempenho da série histórica iniciada em 2002. Em relação a maio de 2017, houve diminuição de 11,9%. Entre os semiduráveis e os não duráveis, houve queda na produção de 12,2% em maio ante abril, também recorde na série histórica. Na comparação com maio do ano passado a produção encolheu 9,1%.
Para os bens intermediários, o IBGE informou que a produção reduziu 5,2% em maio ante abril. Em relação a maio do ano passado, houve uma perda também de 5,2%. No ano, os bens intermediários tiveram aumento de 0,7%. Em 12 meses, houve elevação de 1,8% na produção. O índice de Média Móvel Trimestral da indústria teve queda de 3,4% em maio.
Daniela Amorim, O Estado de S.Paulo