Uma pesquisa do Instituto Vox Populi, encomendada para consumo interno do PT de Pernambuco, mostrou que a vereadora Marília Arraes, do partido, neta do ex-governador Miguel Arraes e a maior defensora de Lula no Estado, tem potencial para crescer e até vir a disputar um eventual segundo turno com o governador Paulo Câmara (PSB), candidato à reeleição.
Interessado em se compor com Câmara em Pernambuco, e ganhar em troca o apoio do PSB em outros Estados, o PT deixou para o final de julho qualquer definição em torno da candidatura de Marília. O que ao governador pode ter soado como um gesto de boa vontade do PT, não passou de esperteza. Marília ganhou tempo para continuar em campanha. E o PSB ficou refém do calendário do PT.
É vital para Câmara livrar-se do risco que Marília representa. Mas também é vital para ele, sob pressão de outros partidos, fechar logo sua chapa e sacramentar a aliança que o apoiará. Para Marília, tudo vai bem, obrigado. Além de se apresentar como herdeira de Arraes e de Lula, ela passa a ser vista como uma mulher que batalha contra dois partidos ao mesmo tempo.
O PT de Pernambuco deveria reunir-se neste fim de semana para decidir entre ter ou não ter candidato próprio ao governo. A reunião foi suspensa pela direção nacional do partido. Se ocorresse, Marília poderia sair dali como candidata. À espera de que o PT sepulte a candidatura de Marília para só depois anunciar a sua chapa, Câmara dá mais um sinal de fraqueza.
Em tempo de Copa do Mundo, mal comparando, é como se o Brasil, com medo de ser eliminado antes, estivesse disposto a dar um jeito para não cruzar com a Argentina antes do jogo final.
Com Blog do Noblat, Veja