O Ponte para o Futuro, plano apresentado pelo MDB no contexto do impeachment da ex-presidente Dilma Roussef para balizar o governo de Michel Temer, era um projeto “interessante teoria”, mas que fracassou. A avaliação é do economista Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Central (BC) e estrategista-chefe da Rio Bravo Investimentos.
Franco disse nesta quinta-feira, 21, que assessora o Novo para a elaboração do programa de governo do presidente para a economia da candidatura de João Amoêdo, ao criar o teto constitucional para os gastos públicos, mas fracassar na aprovação da reforma da Previdência, o plano ficou pela metade.
“Uma ponte pela metade não nos leva ao outro lado do rio”, afirmou Franco, em palestra durante seminário promovido pelo Banco Mundial e pela EPGE, a escola de economia e finanças da Fundação Getulio Vargas (FGV) no Rio.
Franco também defendeu um ajuste fiscal rápido na economia. Mais cedo, no mesmo seminário, o economista-chefe do Banco Mundial para a América Latina e o Caribe, Carlos Vegh, defendeu um ajuste fiscal gradual.
O ex-presidente do BC lembrou que, em relatório divulgado em novembro, o Banco Mundial identificou o equivalente a 8,3% do Produto Interno Bruto (PIB) em despesas públicas pouco eficientes e improdutivas. Ainda assim, ao sugerir que esses gastos sejam cortados ao longo de dez anos, o Banco Mundial foi “gentil”.
“Não precisa ser tão gradual assim”, afirmou Franco. O economista destacou que a elevação de gastos e a piora do desequilíbrio fiscal se agravou a partir dos governos Dilma e de forma rápida. “Já que a piora foi feita de forma rápida, por que não fazer a melhora de forma rápida?”, disse Franco, defendendo um ajuste em forma de choque.
Vinicius Neder, O Estado de S.Paulo