terça-feira, 5 de junho de 2018

Parlamentares lançam manifesto pela união do centro e contra os radicais Bolsonaro, Ciro, Boulos e Manuela


O deputado federal Marcus Pestana (PSDB-MG) discursa no lançamento do manifesto - Alexssandro Loyola/Divulgação

Parlamentares lançaram nesta terça-feira, na Câmara dos Deputados, o "Manifesto por um polo democrático", documento que conclama as forças "democráticas e reformistas" a se unirem durante a disputa eleitoral deste ano. O movimento, idealizado pelo senador Cristovam Buarque (PPS-DF) e pelo secretário-geral do PSDB, Marcus Pestana (MG), ganhou o apoio do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e de cientistas políticos. 


A ideia é criar um canal de diálogo com pré-candidatos e consolidar um grupo de oposição a candidaturas consideradas "radicais", como as de Jair Bolsonaro (PSL), Ciro Gomes (PDT), Guilherme Boulos (PSOL) e Manuela D'Ávila (PCdoB).
Com o crescimento nas pesquisas de Jair Bolsonaro e a desarticulação de forças de centro, o propósito é aglutinar forças e dar sustentação a um candidato do que chamam "campo democrático". Assinaram o manifesto, entre outras pessoas, 16 deputados e um senador de sete partidos (PSDB, PPS, DEM, PTB, PV, PSD e MDB). No fim do ato, o deputado Betinho Gomes (PSDB-PE) leu uma mensagem de Fernando Henrique:
— O Brasil precisa recuperar a confiança no seu futuro. Não chegaremos lá voltando ao passado do autoritarismo ou ao passado mais recente do lulopetismo. O país precisa da convergência das forças políticas que possam ter propósitos semelhantes — diz a mensagem de FH.

O ex-presidente argumenta que está em jogo "a recuperação da legitimidade democrática da autoridade pública ou a desorganização política, econômica e social do país". No ato, o presidente do PPS, Roberto Freire, desenvolveu pensamento parecido ao comentar as reações à greve dos caminhoneiros. Segundo ele, assistiu-se, nas últimas semanas, a "uma simbiose do petismo com o bolsonarismo", pois "as duas forças se uniram ao locaute" e demonstraram "descompromisso com a democracia".

Marcus Pestana diz que o grupo vai dialogar com os pré-candidatos Rodrigo Maia (DEM), Marina Silva (Rede), Álvaro Dias (Podemos), Geraldo Alckmin (PSDB), Flávio Rocha (PRB), Paulo Rabello de Castro (PSC) e João Amoêdo (Novo). Um site também será criado para divulgar os propósitos do grupo.

No documento, são listados 17 compromissos assumidos pelos signatários. Entre os pontos, estão a "defesa intransigente da liberdade e da democracia", a "luta contra todas as formas de corrupção", "a busca incansável do equilíbrio fiscal", a reforma do "sistema previdenciário injusto e insustentável" e "o combate a todas as formas de autoritarismo e populismo".

"Tudo que o Brasil não precisa, para a construção de seu futuro, é de mais intolerância, radicalismo e instabilidade", diz o texto.

À frente do movimento, Cristovam Buarque diz que o momento é muito ruim para o país, pois a população está inclinada a "votar com raiva" e que é preciso tomar cuidado com as escolhas políticas.

— Pode ser que tenhamos que escolher entre a catástrofe e o desastre — diz o senador.

Além dos já citados, estão entre os signatários os deputados Mendonça Filho (DEM-PE), Heráclito Fortes (DEM-PI), Rubens Bueno (PPS-PR), Benito Gama (PTB-BA), José Carlos Aleluia (DEM-BA), Danilo Fortes (PSDB-CE), Carmen Zanotto (PPS-SC) Yeda Crusis (PSDB-RS), Rogério Marinho (PSD-DF), Rogério Rosso (PSD-DF), Evandro Gussi (PV-SP), Mancos Montes (PSD-MG), Darcísio Perondi (MDB-RS) e Vilmar Rocha (PSD-GO); os ministro Aloysio Nunes (Relações Exteriores) e Raul Jungmann (Segurança Pública); os cientistas políticos Luiz Werneck Vianna, Sérgio Fausto, Marco Aurélio Nogueira e Bolívar Lamounier; além do economista Sérgio Besserman, o humorista Marcelo Madureira e o ex-ministro das Relações Exteriores Celso Lafer.


Por Bruno Goes, O Globo