quinta-feira, 14 de junho de 2018

Obras pautadas pela dupla corrupta Lula-Dilma para a Copa de 2014 seguem inacabadas em oito capitais do país


Enquanto o Brasil se prepara para torcer pela seleção no Mundial da Rússia, obras de mobilidade previstas para a Copa de 2014 seguem em andamento em oito capitais brasileiras.
Em Cuiabá e Fortaleza, as linhas de VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) previstas para a competição não foram concluídas. Em Brasília, onde o mesmo modal ligaria o aeroporto ao Plano Piloto, as obras nem sequer saíram do papel.
Na capital de Mato Grosso, o trajeto de 23 km por onde passaria o VLT está abandonado. Cerca de R$ 1,1 bilhão já foram gastos na obra, inicialmente orçada em R$ 1,4 bilhão.
"Esses canteiros só servem pra acumular lixo e água. Lamentável [o governo do estado] gastar mais de um bilhão nisso aqui", diz a professora Célia Regina Ramos da Cruz, 47, que mora nos arredores.
O contrato com o consórcio VLT Cuiabá-Várzea Grande, responsável pela obra, foi rescindido após operação da Polícia Federal, em agosto de 2017, que apontou indícios de irregularidade na licitação. Um novo processo está sendo preparado pelo estado.
Em Fortaleza, os 13 km do VLT Parangaba-Mucuripe também não foram concluídos. A previsão é que a linha, que atravessa 22 bairros, seja entregue no final deste ano.
Já em Brasília, o VLT deu lugar a projetos de BRT, implantados gradualmente na cidade. Outras obras, como os túneis no trecho entre o centro de convenções e o estádio Mané Garrincha, também não foram concluídas.
No Recife, estão em andamento trechos do complexo viário Ramal da Copa, o Terminal Integrado de Camaragibe e duas linhas de BRT (via expressa de ônibus).
No Corredor Norte-Sul, que tem previsão de conclusão em 2019, faltam entregar 2 das 28 estações previstas para a linha que terá 33 km e passará por cinco cidades do Grande Recife. No Corredor Leste-Oeste, faltam 6 das 22 estações.
Em Porto Alegre, não foram concluídas as trincheiras da avenida Ceará e da rua Anita Garibaldi. As obras na avenida Tronco serão retomadas nos próximos dias.
A prefeitura credita os atrasos à crise financeira --motivo pelo qual obteve um empréstimo de R$ 120 milhões e remanejou R$ 115 milhões destinados aos BRTs.
Já em Belo Horizonte, a construção da Via 710, que vai ligar as avenidas dos Andradas e Cristiano Machado, deve ser concluída apenas no primeiro semestre de 2019.
Em Natal, ainda falta concluir a via de acesso ao Aeroporto Governador Aluízio Alves. Já em Curitiba, onde 6 das 7 obras previstas para a Copa foram entregues, restou a reforma do Terminal do Santa Cândida, que será retomada após quase dois anos parada.
Nas demais capitais, as principais obras de mobilidade já foram entregues. Mas nem todas elas saíram conforme o inicialmente planejado.
Em Salvador, a linha de metrô ligando o centro da cidade ao aeroporto ficou pronta a tempo apenas da Copa do Mundo da Rússia. A Estação Aeroporto foi inaugurada em abril deste ano.
Em Manaus, o plano inicial de fazer um monotrilho e um BRT acabou sendo adaptado. A prefeitura criou um sistema de corredores de ônibus chamado Faixa Azul --cor da tinta pintada no asfalto para separar o transporte público do restante do tráfego. Na prática, o sistema é pouco respeitado pelos motoristas.
Em São Paulo, o monotrilho da linha 17-ouro também está inacabado. O projeto, contudo, foi retirado da matriz de responsabilidades após a escolha do Itaquerão --e não do Morumbi-- como estádio usado na Copa.
No Rio e em Belo Horizonte, as principais obras de mobilidade ficaram prontas a tempo da Copa de 2014. Mas isso não evitou percalços posteriores.
Com custo de R$ 2 bilhões, o BRT Transcarioca está sob investigação do Ministério Público Federal. O ex-secretário de Obras Alexandre Pinto está preso sob acusação de cobrar propina na construção.
Ligando a zona oeste ao aeroporto internacional do Galeão, é utilizado diariamente por 234 mil pessoas --menos do que os 320 mil previstos. O Consórcio BRT afirma que a eficiência do corredor poderia melhorar com uma pavimentação mais adequada.
Também há pendências em Belo Horizonte. O BRT já atende a 700 mil passageiros por dia em três corredores de ônibus com 23 km, mas obras complementares têm problemas: o viaduto construído na região da Pampulha desabou em plena Copa do Mundo, no dia 3 de julho de 2014, deixando dois mortos e 23 feridos.
Quatro anos depois, o caso permanece sem solução. Não houve pagamento de indenização às vítimas e as construtoras Consol e Cowan ainda não fecharam um acordo com o Ministério Público para ressarcir a prefeitura.
Colaboram Ana Luiza Albuquerque, de Curitiba, Carolina Linhares, de Belo Horizonte, Fabiano Maisonnave, de Manaus, Ítalo Nogueira, do Rio de Janeiro, e Pablo Rodrigo, de Cuiabá

Por João Pedro Pitombo e Marcelo Toledo, Folha de São Paulo