Ana Paula Ribeiro, O Globo
A frustração com o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) já começa a afetar as empresas que apostavam numa retomada mais firme para reequilibrar seus negócios.
Resultado: o número de pedidos de recuperação judicial, que tinha recuado em 2017, voltou a subir no país. Entre janeiro e abril, eles totalizaram 518, alta de 30% na comparação com igual período do ano passado. Com a greve dos caminhoneiros, em maio, e as oscilações bruscas do câmbio, na última semana, o caixa de muitas empresas foi ainda mais comprometido.
Na avaliação de Luiz Rabi, economista-chefe da Serasa Experian, esse crescimento ocorre porque as empresas, vendo que o aumento das receitas não ocorre como o esperado, pedem proteção legal para continuar operando sem ter nenhuma dívida executada.
— As empresas que estão em situação de dificuldade esperaram uma melhora que não veio, então, pedem uma boia de salvação. O aumento nas recuperações reflete a frustração com o crescimento da economia — avaliou, acrescentando que não acredita que será possível reverter essa tendência de piora ainda este ano.
No início de 2018, as projeções indicavam um crescimento da atividade próximo de 3%. No entanto, a recuperação que começou no ano passado estagnou, e os dados da atividade econômica no primeiro trimestre foram frustrantes, reduzindo as previsões do PIB para até 1,2%, expectativa do JP Morgan Chase. Hoje, o teto é 2%. Além disso, a forte valorização do dólar torna mais sensíveis as empresas que possuem dívida em moeda estrangeira ou dependem de insumos importados.
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