Marco Aurélio, Lula e o fim da impunidade
Ao afirmar que a prisão de Lula é “ilegal”, o ministro Marco Aurélio Mello, do STF, sugere que o apreço que nutre pela instituição não é dos maiores.
Voto vencido no julgamento do habeas corpus de Lula, que o manteve no xadrez, ele repete as críticas de Gilmar Mendes contra a decisão soberana e democrática da Corte e mostra, como seu colega, que não é um bom perdedor. Para quem pretende falar em nome da legalidade, sua atitude é, no mínimo, contraditória.
Também como outros ministros da Corte, Marco Aurélio alega que a prisão de Lula “viola a Constituição”, por ter ocorrido antes do julgamento de todos os recursos nos tribunais superiores.
Mas, no momento em que a sociedade brasileira se insurge contra a impunidade, Marco Aurélio e seus pares provavelmente contribuiriam mais para o País se trabalhassem para institucionalizar a prisão após a condenação em segunda instância, adotada em países que são exemplos de democracia e de respeito aos direitos individuais, como Estados Unidos, França e Alemanha, em vez de bombardeá-la.
José Fucs, O Estado de São Paulo