quinta-feira, 7 de junho de 2018

FHC diz que PSDB não deve fechar a porta para Marina Silva

Marina, FH e Dona Ruth em jantar no Rio, em 2002
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso está preocupado. A exatos quatro meses do primeiro turno, ele teme que a eleição se transforme num protesto contra “tudo isso que está aí”. “Como o povo está na pior e com raiva dos políticos, não será fácil fazê-lo votar em um candidato tradicional. Daí o risco de autoritários e demagogos irem para o segundo turno”, afirma.
O diagnóstico ajuda a explicar o discurso de FHC a favor da formação do tal “polo democrático e progressista”. A outra explicação está nas pesquisas: o tucano Geraldo Alckmin continua empacado entre 6% e 7% das intenções de voto. No PSDB, é cada vez mais forte a sensação de que a candidatura do ex-governador paulista se assemelha a um Titanic a caminho do iceberg. O nervosismo já contaminou Alckmin, que tem acusado aliados de corpo mole na campanha.
No início do ano, FHC irritou o presidenciável ao estimular o sonho presidencial de Luciano Huck. Agora seus aliados defendem uma aliança entre o PSDB e Marina Silva, o que poderia forçar o tucano a sair do páreo. Apesar das conversas, o ex-presidente nega que tenha desistido de Alckmin. “A despeito do repetitivo ‘O Geraldo não decola’, ele terá votos, pois o PSDB tem estrutura nacional e ele é claro e firme nas respostas”, afirma. “Isso será suficiente para chegar ao segundo turno?”, pergunta-se FH. “Não dá para saber”, ele mesmo responde.
O ex-presidente é generoso nos elogios à candidata da Rede. “A Marina tem uma história que, se bem explorada, pode permiti-la ser competitiva”, observa. Ele pondera, no entanto, que a ex-senadora “não tem tempo de TV nem estrutura partidária”. Mas o mesmo poderia ser dito sobre Jair Bolsonaro, que lidera a disputa nos cenários sem o ex-presidente Lula.
Sobre a possibilidade de união entre PSDB e Rede, FHC dá a senha: “A esta altura do campeonato, não convém fechar portas.” Ele ressalva que “tudo vai depender” do desempenho de cada candidato e do cenário apontado pelas pesquisas. “Sem dúvidas, hoje o Alckmin tem mais potencial. Veremos... Mas não dá para fechar as portas ao entendimento contra o radicalismo, e hoje o mais forte é o de direita”, afirma, referindo-se à liderança de Bolsonaro.
Por Bernardo Mello Franco, O Globo