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Bolsa brasileira fechou voltou a fechar uma semana no azul, após duas quedas semanais seguidas |
DANIELLE BRANT - Folha de São Paulo
A Bolsa brasileira devolveu nesta sexta (6) parte dos ganhos obtidos em sessões anteriores, quando bateu recordes nominais, mas ainda assim teve fôlego para fechar a semana no azul. O dólar ganhou força em relação à maioria das moedas do mundo, mas acumulou queda na semana.
O Ibovespa, índice das ações mais negociadas, recuou 0,73%, para 76.054 pontos, em dia de volume um pouco menor –o giro financeiro foi de R$ 7,75 bilhões, ante média diária de R$ 8,3 bilhões. Na semana, a Bolsa acumulou valorização de 2,37%.
O dólar comercial fechou em alta de 0,22%, para R$ 3,160. O dólar à vista subiu 0,73%, também a R$ 3,160. Na semana, porém, ambos registraram queda: 0,25% e 0,10%, respectivamente.
No mercado acionário, a Bolsa testou novos recordes nesta semana e chegou a superar levemente os 78 mil pontos, mas não sustentou o novo patamar. Nesta sexta, os investidores preferiram embolsar ganhos, de olho em dados de inflação aqui e de mercado de trabalho nos Estados Unidos.
O IPCA, índice oficial de inflação, subiu 0,16% em setembro, mais que o avanço de 0,09% esperado por economistas e consultorias ouvidos pela agência internacional de notícias Bloomberg.
A alta foi puxada pelo aumento do preço de combustíveis, e é considerada pontual pelos analistas.
"Não vejo uma tendência de alta na inflação. Mas estamos num nível confortável de IPCA, abaixo do piso. Se subir um pouco mais, não incomoda, a não ser que vire tendência", avalia Mario Roberto Mariante, analista-chefe da Planner Corretora.
Foi a primeira alta do IPCA acumulado em 12 meses desde agosto do ano passado.
Mas não é motivo suficiente para que o Banco Central reavalie sua política monetária, diz Alvaro Bandeira, economista-chefe do home broker Modalmais.
"Acho que só muda mesmo o piso para a taxa de juros do mercado. A Selic deve terminar o ano entre 6,5% e 7%", diz.
AÇÕES
Nesta sexta, 48 das 59 ações do Ibovespa fecharam em baixa. As 11 restantes conseguiram subir.
Os papéis da Eletrobras lideraram as quedas do índice, ainda sob impacto da decisão do governo de adiar a entrada da empresa no segmento de Novo Mercado da Bolsa, que tem governança mais rígida. As ações preferenciais caíram 3,71%, e as ordinárias se desvalorizaram 3,07%.
As ações da Petrobras caíram mais de 1%, por causa da queda dos preços do petróleo no exterior devido à preocupação em torno da demanda pela commodity. As ações preferenciais da estatal caíram 1,32%, para R$ 15,69. As ordinárias caíram 1,21%, para R$ 16,37.
"O último dado de estoque nos EUA veio um pouco acima do esperado e levou a uma realização do petróleo. Há ainda preocupação com uma tempestade que pode chegar ao país, o que contribuiu para esse cenário", diz Sandra Peres, analista-chefe da Coinvalores.
As ações de siderúrgicas também sofreram nesta sessão. Nesta sexta, a União Europeia decidiu sobretaxar o aço laminado a quente do Brasil, Irã, Rússia e Ucrânia. As ações da Gerdau caíram 2,89%, e as da CSN se desvalorizaram 2,66%.
A mineradora Vale teve baixa nesta sessão. Os papéis ordinários caíram 0,40%, para R$ 32,14. Os preferenciais recuaram 0,54%, para R$ 29,64.
Os papéis do Itaú Unibanco recuaram 1,17%. As ações preferenciais do Bradesco perderam 1,04%, e as ordinárias tiveram baixa de 0,60%. O Banco do Brasil teve valorização de 0,57%, e as units -conjunto de ações- do Santander Brasil ganharam 1,34%.
DÓLAR
O dado de emprego nos Estados Unidos foi a principal notícia do dia. A expectativa dos economistas era de que fossem criados 80 mil postos de trabalho em setembro, mas o resultado mostrou destruição de 33 mil vagas.
A contração foi atribuída aos furacões Harvey e Irma, que atingiram o país. A queda, no entanto, não foi vista como fator de preocupação. Isso porque os salários tiveram crescimento anual de 2,9%, enquanto a taxa de desemprego recuou para 4,2%.
A expectativa de que a alta dos salários vá impactar a inflação fez com que a probabilidade de um terceiro aumento de juros nos EUA aumentasse. Agora, está em 76,5%.
O dólar se fortaleceu entre 20 das 31 principais moedas do mundo.
O CDS (credit default swap, espécie de termômetro de risco-país) subiu nesta sexta, após oito sessões de queda. O CDS teve alta de 0,41%, para 185,6 pontos.
No mercado de juros futuros, os contratos mais negociados fecharam em baixa. O DI para janeiro de 2018 recuou de 7,460% para 7,440%. A taxa para janeiro de 2019 se manteve estável em 7,350%.