quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Selic cai, mas juros do cartão de crédito crescem e chegam a 370,1% ao ano


Compras no cartão de crédito - Bloomberg News

 


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Em meio à queda da taxa básica, a Selic, e quatro meses após a implementação das novas regras para o crédito rotativo do cartão, as taxas de juros da modalidade chegaram a 370,1% ao ano em junho, segundo informou o Banco Central nesta quinta-feira. No mês anterior, a taxa foi de 333,4% ao ano.

Desde o dia 3 de abril deste ano ninguém pode ficar mais de 30 dias no crédito rotativo do cartão, por determinação do BC. Pelas novas regras, se na data do vencimento o cliente não tiver feito o pagamento total do valor da fatura, o restante terá que ser parcelado ou quitado.

Por isso, já em abril, a taxa sofreu uma redução e teve seu menor valor do ano, com 284%. Mesmo assim, de lá pra cá, os números voltaram a subir gradualmente nos meses seguintes, e hoje retornaram ao mesmo patamar de fevereiro, quando fechou o mês em 370,7%.

MERCADO DE CRÉDITO

Os juros médios, por sua vez, avançaram a 46,6% em junho, sobre 46,2% em junho, voltando a subir após quatro quedas seguidas. No período, o spread bancário — diferença entre o custo de captação das instituições financeiras e a taxa efetivamente cobrada ao tomador final — teve alta de 1 ponto percentual, a 37,6 pontos percentuais.

A elevação da taxa média de juros, em movimento acompanhado pelos spreads, pode ser atribuída mais a fatores sazonais do que a uma reversão da tendência verificada nos meses anteriores, diz Fernando Rocha, chefe adjunto do departamento econômico do BC.

- Em períodos mais longos, a taxa de juros tem uma queda; não vemos indícios de que o movimento de queda de juros bancários tenha parado - afirma Rocha.

O mercado de crédito brasileiro iniciou o terceiro trimestre com retração de 0,6% no estoque total em julho sobre o mês anterior, a R$ 3,062 trilhões de reais. No acumulado do ano, o estoque total apresenta retração de 1,4%.

Segundo Rocha, o saldo total de crédito em julho devolveu aumento de junho e redução decorreu principalmente do crédito livre, puxado por diferentes fatores:

- Em termos de pessoas jurídicas, plano safra se encerra em junho; depois disso, nos outros meses tem um desempenho mais normal com base anterior. Temos algumas modalidades de pessoas físicas com isso também. A impressão é que tenha a ver com ciclo. Nas férias de julho, as pessoas têm menos tempo para sacar recursos - apontou Rocha.

Os dados do BC mostraram ainda que, considerando apenas o segmento de recursos livres, a inadimplência foi de 5,6% em julho, repetindo a mesma taxa de junho.