segunda-feira, 28 de agosto de 2017

Para cortar gasto, estados extinguem institutos de pesquisa ou reduzem pessoal


‘Enquanto eu puder, tiver saúde, mesmo recebendo atrasado, vou fazendo’, diz Seráfita Ávila, única técnica a cuidar do PIB do Rio - Hermes de Paula / Agência O Globo


Marcello Corrêa e Daiane Costa - O Globo



A crise fiscal ameaça piorar a qualidade de dados estatísticos produzidos em institutos regionais de pesquisa. Diante de orçamentos apertados, pelo menos quatro estados decidiram encolher ou até mesmo extinguir órgãos dedicados a produzir levantamentos que vão desde indicadores sociais usados para determinar quantas vacinas devem ser distribuídas à população a diagnósticos de atividade econômica e mercado de trabalho. Por serem específicos, esses dados não são captados pelas pesquisas nacionais. Os governos locais afirmam que as funções podem ser feitas por secretarias de Planejamento, mas especialistas temem pela perda de independência e profundidade nas análises.

Dos 26 estados e Distrito Federal, 16 têm institutos de pesquisa independentes — nos demais, as pesquisas são feitas pelas secretarias de Planejamento. Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Paraíba e Distrito Federal relatam o peso do ajuste. O caso gaúcho é o mais grave. A Fundação de Economia e Estatística (FEE), criada em 1973, está para fechar as portas após o governo conseguir aprovar projeto de lei que determina a extinção da entidade. O órgão só continua funcionando porque há impasse na Justiça sobre a demissão de parte dos servidores.

A FEE é referência nacional. Além de calcular o PIB do estado e dos municípios, produz indicadores sociais e de mercado de trabalho. Segundo Iracema Castelo Branco, economista da instituição, um dos levantamentos que corre o risco de acabar é a Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), feita em parceria com o Dieese, que traz informações que ficam de fora das pesquisas do IBGE. A fundação produz o Índice de Desenvolvimento Econômico (Idese), espécie de Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que aponta em quais regiões do estado são necessários mais investimentos.

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