sábado, 17 de dezembro de 2016

Na VEJA - O governo Temer encolheu

O presidente Michel Temer
O presidente Michel Temer apresenta medidas para estimular a economia no curto prazo - 15/12/2016 (ANDRESSA ANHOLETE/AFP)
Daniel Pereira e Robson Bonin - Veja

Presidente avança na economia e exibe notável musculatura política, mas está apequenado pela tibieza das respostas à delação da Odebrecht


Ao completar sete meses de mandato, Michel Temer perdeu muito da pouca popularidade que tinha e é vítima de um pecado original. 
Ele sabia que seus principais auxiliares seriam alcançados pela Lava Jato, mas, mesmo assim, decidiu nomeá-los para postos-chave da administração. 
O presidente confidenciava que, quando chegasse a hora, os suspeitos seriam demitidos. 
A hora chegou, e nada foi feito.

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Em sua última edição, VEJA revelou detalhes do acordo de delação premiada assinado por Claudio Melo Filho, ex-­vice-presidente de relações institucionais da Odebrecht
O executivo contou que, em 2014, em um jantar no Palácio do Jaburu, Temer pediu uma ajuda financeira a Marcelo Odebrecht, à época presidente da empreiteira. 
Levou 10 milhões de reais, que foram entregues ao ministro Eliseu Padilha, ao assessor especial José Yunes, ao ex-deputado preso Eduardo Cunha e ao empresário Paulo Skaf .
Com a divulgação do conteúdo da delação, Temer convocou uma reunião de emergência. Chamou Padilha e o secretário Moreira Franco, acusado de pedir 4 milhões de reais em propina, além de outros assessores. 
Ali, foram traçadas duas alternativas. A primeira: Padilha e Moreira deixariam o governo a fim de estancar rapidamente a sangria presidencial. 
A segunda: os governistas jurariam inocência, atacariam o vazamento da delação e se apressariam para apresentar um conjunto de medidas econômicas, numa tentativa de mudar o foco das atenções.
Prevaleceu o entendimento de que a entrega dos anéis (a cabeça dos assessores) não garantiria a salvação dos dedos (o mandato presidencial). Pelo contrário, ao remover um biombo, Temer poderia ficar mais exposto.
A sorte do presidente é, ainda, sua farta musculatura política no Congresso, seu habitat. 
Ali, Temer é só vitórias.
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