domingo, 18 de dezembro de 2016

De memórias a ficções, eleição de Trump alavanca venda de livros

Da Associated Press

Livros de nomes conhecidos como J. K. Rowling, Jeff Kinney e Bill O'Reilly estavam entre os mais vendidos de 2016, mas a inesperada eleição de Donald Trump também levou a alguns inesperados sucessos.

A ascensão de Trump de candidato celebridade a improvável nomeado e vencedor de uma virada eleitoral chamou a atenção do publico a alguns livros, velhos e novos, ficções e não-ficções, variando de memórias de um jornalista durante a campanha ao documento ao qual Trump irá jurar proteger e defender sob juramento em seu ofício.

Kena Betancur/AFP
Republican presidential hopeful Donald Trump's new book "Crippled America: How to Make America Great Again" on display at Trump Tower on November 3, 2015 in New York. Donald Trump published a book about the ills of America to another media frenzy Tuesday, signing copies for fans, insulting his rivals on the campaign trail and telling Americans to elect him president. "Crippled America: How to Make America Great Again," offers the everyday reader his take on the problems facing the country and why they should elect him to the White House to fix them. AFP PHOTO/Kena Betancur ORG XMIT: KB23
"América Debilitada", livro do presidente eleito norte-americano Donald Trump
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Veja cinco lançamentos notáveis que foram destacados com a vitória de Trump:

"The Hillbilly Elegy", de J. D. Vance
Liberais confusos com a vitória de Trump recorreram às memórias de Vance sobre os parentes do presidente eleito no Estado americano do Kentucky e no cinturão da ferrugem, em Ohio. Entrevistado pela Associated Press, Vance falou do apelo de Trump à classe trabalhadora branca: "Ele se comunica de uma forma que é muito relacionável a muitas pessoas; é uma das coisas que os dois partidos tem sido cada vez piores, que é se conectar aos eleitores de uma forma emocional e até mesmo visceral.

"Settle for More", de Megyn Kelly
Esse livro foi anunciado no início de 2016, o que agora parece uma história distante, quando Trump era um tiro no escuro para a Casa Branca e Roger Ailes era o CEO da Fox News. Quando o livro foi lançado, em meados de novembro, Ailes havia sido tirado do cargo em meio a diversas acusações de assédio sexual e Trump era o presidente eleito. Kelly teve um punhado de notícias sobre ambos. Ela alega que Ailes fez tentativas de avanços sexuais no início de sua carreira e que Trump, que consultou com Ailes durante sua campanha, tentou intimidá-la até mesmo antes que ela o confrontasse durante um debate em 2015 sobre seus comentários sobre as mulheres. Kelly foi alvo de ataques pessoais de Trump e escreveu que recebeu ameaças de morte de seus apoiadores.

"It Can't Happen Here", de Sinclair Lewis, e "The Plot Against America", de Philip Roth
A campanha de Trump inspirou leitores a buscarem respostas no passado, não apenas da história, mas também da ficção distópica.
Lewis tece um aviso sobre a fragilidade da democracia no livro escrito em meados dos anos 1930, quando os nazistas estavam em ascensão na Europa e demagogias populistas eram vistas como desafios para a reeleição do presidente norte-americano Franklin Roosevelt.
O livro de Roth, publicado em 2004, se passa na terra-natal do autor, em Newark, na Nova Jersey, no início dos anos 1940. A premissa: um governo autoritário sob comando do presidente Charles Lindbergh, um herói da aviação que mais tarde tornou-se um anti-semita e acreditava que o país deveria permanecer fora da Segunda Guerra Mundial e não combater os nazistas.

Constituição dos Estados Unidos
Para o universo dos livros, pelo menos, o discurso mais comentado da Convenção Nacional Democrata não foi dado pela candidata Hillary Clinton, mas pelo pai de um soldado americano morto em 2004 durante a Guerra do Iraque. Emocionado, Khizr Khan denunciou os comentários negativos de Trump sobre os muçulmanos, segurou uma cópia da Constituição americana e questionou se Trump a teria lido. O candidato respondeu com uma leva de tuítes raivosos, enquanto leitores fizeram do texto um best-seller.

"A Arte da Negociação", de Donald Trump
Publicado em 1987, é o primeiro livro de Trump, o que ajudou a torná-lo uma celebridade nacional e o qual o candidato não para de mencionar. Suas repetições de que o livro seria o best-seller de negócios de todos os tempos têm sido amplamente contestadas, mas o livro passou boa parte do ano no topo de vendas da Amazon. "A Arte da Negociação" atingiu novos leitores, apesar da renúncia do ghostwriter Tony Schwartz, que disse que, se ainda estivesse escrevendo a obra, a intitularia de "O Sociopata".