O balanço da primeira semana de governo informa que o presidente Michel Temer acertou na escolha da equipe econômica, na mudança de rota da política externa e na recriação do Ministério da Cultura, que removeu um foco de chiliques malandramente explorado pelos que fingem enxergar um “golpe parlamentar” no impeachment de Dilma Rousseff. Os acertos compensaram amplamente escorregões políticos ─ por exemplo, o ministério sem mulheres e a promoção de um prontuário ambulante a líder do governo na Câmara.
O saldo assegurado pela nascimento de um plano econômico consistente e pela morte da diplomacia da canalhice estaria em frangalhos se Romero Jucá fosse dormir ainda ministro. Não porque a turma do quanto pior, melhor conseguiria fôlego para mais algumas horas de gritaria. Esses são um bando de derrotados sem horizontes (e, daqui a pouco, sem emprego nem mesada). Muito mais grave seria a decepção de milhões de brasileiros que já não suportam tanta roubalheira, tanto cinismo, tanta sem-vergonhice.
O Brasil decente não tem bandidos de estimação, e aprendeu que todo corrupto merece cadeia. O que já se sabia do senador por Roraima era suficiente para transformar sua presença no primeiro escalão uma aposta de altíssimo risco. O teor das conversas gravadas divulgadas pela Folha confirmou que Temer teve a seu lado, durante 10 dias, um homem-bomba pronto para explodir um governo recém-nascido. O afastamento de Jucá eliminou o perigo revelado. O presidente precisa agora desativar as minas subterrâneas espalhadas pela Praça dos Três Poderes.
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A saída de Jucá atesta que Temer não é Dilma nem Lula. Em episódios semelhantes, o padrinho e a afilhada sempre tentaram varrer para baixo do tapete a sujeira produzida por bandidos companheiros. Acabaram todos juntos no mesmo lixão.
