Presidente do Senado recebeu os documentos
do pedido de afastamento de Dilma na tarde
desta segunda-feira
Após receber o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, cuja abertura foi aprovada ontem na Câmara dos Deputados, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmou nesta segunda-feira que o pedido na Casa será analisado sem pressa nem protelação. "Nós temos pessoas que pedem para agilizar o processo, mas nós não poderemos agilizá-lo de tal forma que pareça atropelo ou delongar de tal forma que pareça procrastinação", afirmou o senador, que concedeu coletiva de imprensa ao lado do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Os dois peemedebistas tiveram um encontro no gabinete de Renan nesta tarde. Poucos minutos antes de se reunirem, o conjunto de documentos do processo de impeachment, que tem 36 volumes e 11 anexos, foi trazido em um carrinho da Câmara para o Senado. A agenda desta segunda de Renan gira toda em torno do pedido de impeachment. Por volta das 16h30, ele tem uma reunião marcada com a presidente Dilma, pedida por ela própria, segundo o peemedebista. E, às 18h00, com o presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, para discutir os detalhes do trâmite do processo na Casa.
O presidente do Senado evitou dar uma opinião sobre a votação que aprovou na noite deste domingo a admissibilidade do parecer contra Dilma por 367 votos favoráveis a 137 contra. "Não me compete fazer avaliação do resultado da Câmara", comentou ele. "É papel do Senado instaurar o processo, admitindo ou inadmitindo e julgar a pronúncia. Nós pretendemos mais do que nunca fazer isso com absoluta isenção e total neutralidade", completou.
Renan também anunciou que ocorrerá nesta terça uma reunião com as lideranças partidárias no Senado para definir quem integrará, presidirá e será o relator da comissão especial do impeachment. Pelo regimento, o grupo deve ser constituído até 48 horas depois da leitura do processo em plenário, que será feita amanhã.
Após o encontro com Renan, Eduardo Cunha, que foi um dos principais patrocinadores do impeachment, voltou a defender a celeridade do processo, dizendo que isso seria positivo tanto para o país como para o governo. "A demora é muito prejudicial, porque você tem um governo que virou meio governo a partir de ontem. Isso não é bom para ninguém, nem para o próprio governo", disse o peemedebista.
A assessoria técnica do Senado calculou que a instauração do processo pode ser votada na Casa até o dia 11 de maio. Se aprovada por maioria simples no plenário, a presidente Dilma é automaticamente afastada do cargo por até 180 dias e o vice-presidente Michel Temer assume. O senador petista Lindbergh Farias (RJ) avisou que não vai aceitar nenhum adiantamento da deliberação. "Nós não vamos permitir que nos atropelem", disse.