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Michel Temer com o senador Romero Jucá e o economista Delfim Netto em sua casa em São Paulo |
LEANDRO COLON - Folha de São Paulo
A tropa de choque do vice-presidente Michel Temer quer intensificar a operação para desconstruir no exterior o discurso da presidente Dilma Rousseff de que tem sido vítima de um "golpe".
Segundo o ex-ministro Eliseu Padilha, um dos principais aliados de Temer, o senador Romero Jucá (PMDB-RR), presidente do PMDB, foi escalado para dar entrevistas a veículos internacionais para tratar do assunto.
Em busca de apoio internacional, a presidente Dilma pretende fazer um discurso em cerimônia de assinatura do Pacto de Paris, na ONU (Organização das Nações Unidas), para denunciar uma "tentativa de golpe no país" por meio do processo de seu impeachment. A petista viajará aos Estados Unidos na quinta (21) para participar do evento em Nova York na sexta (22).
Padilha indicou que o partido está buscando a mídia internacional para apresentar o lado de Temer, além de contar com a articulação do senador Aloyzio Nunes Ferreira (PSDB-SP), presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, que está em viagem no exterior.
Uma declaração nesta quarta (20) do ministro Celso de Mello, do STF (Supremo Tribunal Federal), afirmando que não há um "golpe" em curso, é um dos argumentos usados pelo grupo de Temer nas conversas com jornalistas estrangeiros. "Antes tínhamos que falar o que o STF falou no julgamento. Agora o STF está falando que não houve golpe", afirmou Padilha em conversa com jornalistas na Câmara.
"Quem leva e traz notícias são as agências de notícias e estamos trabalhando neste sentido. Nós podemos trabalhar com as agências. Hoje está falando o Jucá, o Michel não vai falar nada", disse o ex-ministro.
Padilha também mencionou a visita aos EUA do senador Aloyzio Nunes nesta semana para defender, em encontro com lideranças políticas americanas, a legalidade do processo de impeachment. "Nada impede que ele (Aloyzio) faça um trabalho diplomático neste sentido", frisou o peemedebista.
O ex-ministro aproveitou para alfinetar a presidente da Dilma por usar uma viagem oficial com objetivo de discursar contra o processo de impeachment. "Institucionalmente não podemos usar a estrutura do Estado. E acho que usar a estrutura do Estado para arranhar a imagem do Brasil é algo desaconselhável", afirmou.
Temer deve se encontrar nos próximos dias com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). A reunião pode ocorrer, de acordo com Padilha, ainda nesta semana. A comissão especial que trata do impeachment de Dilmacomeça a trabalhar na próxima semana.
Padilha ainda deixou claro que as medidas a serem tomadas por Temer numa eventual substituição a Dilma não deve levar em conta o fato de ser, em tese, uma interinidade. Se o Senado aprovar a abertura de processo, a presidente é afastada por até 180 dias e pode retornar se for absolvida. "Quem vai governar vai governar para a eternidade. Vai lá pergunta pra ela (Dilma) se ela está governando pra três semanas", disse Padilha.