UOL
A nova equipe econômica da Argentina iniciou um processo para "por a casa em ordem", mas no curto prazo deverá adotar medidas difíceis de se digerir. A afirmação é do titular do comitê financeiro do FMI (Fundo Monetário Internacional), Augustín Carstens.
"Acredito que os argentinos serão os principais beneficiados, mas não é necessário dizer que, no curto prazo, algumas medidas serão difíceis de digerir", disse Cartens, que é mexicano, durante o encontro deste fim de semana do do FMI, em Washington.
Carstens recordou que a expectativa de crescimento da América Latina neste ano é negativa. "Vários países têm trabalho pela frente, em particular a Argentina. É a terceira maior economia da região e é essencial que avance rápido".
Ele destacou as tentativas do presidente argentino Mauricio Macri de tentar recompor as relações com o mercado financeiro e organismos multilaterais, como o FMI.
"Todos os países associados [ao FMI] exaltaram o enorme progresso que o governo está obtendo em por um ponto final a um período muito difícil em suas relações com os mercados. É um enorme passo à frente, e como latino-americano é bom ver a Argentina tratando de por a casa em ordem", acrescentou.
A diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, assinalou que a visita de uma missão técnica ao país, prevista para setembro -a primeira em uma década-, é o melhor sinal da mudança de atitude do país em relação ao fundo.
Em 2013 o FMI censurou publicamente a Argentina pela falta de confiança de suas estatísticas, em particular as relacionadas à inflação.
Em 2007, ano em que a ex-presidente Cristina Kirchner recebeu a faixa presidencial do marido, Néstor, eleito em 2003, o governo passou a manipular (para menos) os índices de preços. Eles corrigiam os títulos da dívida pública argentina.
Com o tempo, os cálculos sobre a pobreza e o PIB também acabaram sob suspeita.
Segundo Lagarde, a visita dará ao fundo melhor informação sobre o estado atual da economia argentina, que é uma das condições do organismo para recomendar políticas econômicas.
O FMI prevê que a economia argentina deve encolher 1% neste ano, depois de registrar um crescimento moderado de 1,2% em 2015. Para o ano que vem estimativa é que o país acelere a expansão para 2,8%.
O país deverá sair formalmente na próxima semana do default técnico -situação em que está desde julho de 2014. Com isso, espera-se que o país vá ao mercado captar cerca de US$ 15 bilhões no mercado financeiro.