Fabian Ribeiro - 11.set.2014/Raw Image | |
A senadora Ana Amélia (PP-RS) |
ISABEL FLECK
DÉBORA ÁLVARES
MARIANA HAUBERT
Folha de São Paulo
DÉBORA ÁLVARES
MARIANA HAUBERT
Folha de São Paulo
A senadora Ana Amélia (PP-RS), nome que deve ser indicado pela oposição e setores do PMDB para assumir a relatoria do processo de impeachment na Casa, rebateu as críticas de petistas de que não teria isenção para conduzir o caso dizendo que "todos têm lado" no Congresso.
"Quem é que não tem lado aqui no Congresso? Quem é que não tem lado aqui no Senado?", questionou. "Seja quem for fazer, da mesma forma seria contaminado. Todos temos lados, então não poderia ter nenhum relator. Ou você está de um lado ou de outro, aqui ninguém está na coluna do meio."
Para driblar a imparcialidade inevitável de todos os possíveis relatores, segundo a senadora, o importante é "fazer um relatório equilibrado, fundamentado no rito constitucional, técnico, no julgamento absolutamente dentro do que diz a lei".
"O país está esperando uma resposta do Congresso adequada aos anseios do país. Mas tudo dentro da Constituição. A partir de agora, a Constituição Federal aqui dentro, neste processo, é a Bíblia dos senadores", afirmou.
Ana Amélia disse que aceitaria "sem dúvidas" ser relatora do processo no Senado. "O PT não aceitou a referência ao meu nome. Eu respeito muito essa decisão e acho que talvez para mim seja um ato de relevância a manifestação do partido. Mas se eu tiver essa incumbência, vou dizer sinceramente que não posso fugir desse compromisso."
Para os senadores petistas, Ana Amélia não seria isenta porque seu partido, o PP, fechou questão em favor da saída da presidente, inclusive com a ameaça de expulsão dos parlamentares que votarem contra a deposição.
O senador Romero Jucá (RR), presidente do PMDB, que tem sido um dos principais articuladores entre a oposição para compor a comissão especial no Senado, disse pouco antes que "o ideal é que não paire nenhum tipo de desconfiança quanto à relatoria e a condução dos trabalhos" na Casa.
"Como o PMDB é, em tese, beneficiado com o afastamento da presidente Dilma e o PT quer a sua manutenção, talvez a melhor solução será sair do entendimento dos líderes que nenhum dos dois [partidos] deva ter a relatoria", afirmou, destacando que o senador Eunício Oliveira (PMDB-CE) é o líder habilitado para fazer todas as tratativas de indicação para a comissão.
Jucá falou com os jornalistas após se reunir com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, antes de este levar ao presidente do Senado, Renan Calheiros, o parecer sobre o impeachment aprovado na Casa no domingo (17).
ATROPELO
Questionado se a orientação é dar celeridade ao processo no Senado, o presidente do PMDB disse que "não tem que atropelar nada".
"É importante dar uma resposta ao Brasil no tempo devido. Mas vamos cumprir o regimento, não tem que atropelar nada. Temos que ter respeito às instituições", afirmou.
Ele, contudo, disse que o país não pode ficar "na situação em que se encontra hoje, com uma presidente com voto negativo, com voto de desconfiança na Câmara, aguardando posicionamento no Senado".
Segundo Jucá, Renan deve discutir rito com os líderes e a consultoria do Senado e que portanto, o processo será "institucional, tranquilo".
"O presidente Renan tem reafirmado que terá posição de magistrado, vai comandar o processo com muito equilíbrio", disse.
Sobre o encontro de Renan com Dilma na tarde desta segunda (18), Jucá disse se tratar de uma "conversa institucional". "O momento é delicado, é um momento em que as instituições têm que conversar."