quarta-feira, 20 de abril de 2016

Comparsa da dupla corrrupta Lula-Dilma, Renan critica Cunha por 'paralisia' de votações na Câmara e por tentar pressionar o Senado


O presidente do Senado, Renan Calheiros, preside sessão de abertura do processo de impeachment no Senado Federal - Jorge William / Agência O Globo


Cristiane Jungblut - O Globo



O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), criticou nesta quarta-feira o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-AL), por ter avisado que não votará matérias de interesse do governo Dilma Rousseff. Renan disse que a "paralisia de votações" seria "muito ruim" para o país. O senador também demonstrou que ficou irritado com as críticas de Cunha ao calendário adotado no Senado. Renan disse que não deve haver interferência de uma Casa na outra. Na véspera, Cunha disse que não colocaria matérias em votação, brincando que, se colocasse, seria para derrubar.

Como O GLOBO mostrou na edição desta quarta-feira, Cunha ligou para o senador Romero Jucá para reclamar que Renan achou uma brecha que adiou para segunda-feira a criação da comissão especial do impeachment, quando ela deveria ter sido criada na última terça-feira.

— A paralisação da Câmara não ajuda o Brasil, esse 'locaute' não ajuda o Brasil, ele só atrapalha ainda mais a situação que já é muito ruim — disse Renan.
Renan repetiu várias vezes que não deveria haver um "locaute" (paralisia) no país e nem no Legislativo. Depois das declarações, ele se reuniu com o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa.

— Temos que separar as matérias de interesse do Brasil e as matérias de interesse dos governos, que são efêmeros. Eu não vou apostar aqui no 'locaute'. Enquanto a câmara decidia se dava ou não autorização, o Senado tocava sua agenda. Nesse momento do povo brasileiro, cada Casa pretender interagir a sua maneira, ou interferir na outra Casa, é muito ruim, porque ninguém vai se beneficiar do locaute, do agravamento da crise, do aumento do desemprego, do aumento da desesperança — disse Renan, acrescentando:
— O Senado vai, com responsabilidade, saber separar os interesses do Brasil, dos interesses de governos, que são efêmeros.

Renan disse que agirá de forma responsável no processo de impeachment. E deixou claro que estava incomodado com a pressão do grupo do PMDB mais ligado ao vice-presidente Michel Temer, que não gostou do calendário feito por ele.

— A autorização na Câmara foi de, todos os impeachments, a que mais demorou. E demorou exatamente pela judicialização (do processo). O Senado vai, com racionalidade e responsabilidade, cumprir os prazos que estão estabelecidos, para um lado e para o outro lado. O Senado saberá sempre distinguir os interesses do Brasil dos interesses do governo, que são efêmeros e passageiros — ressaltou Renan.

O presidente do Senado disse que terá "toda a responsabilidade que o país cobra dele". E lembrou que o ex-presidente Fernando Collor sofreu impeachment em 1992, mas foi absolvido no Supremo Tribunal Federal (STF).

— É preciso ter todo o cuidado. Na última vez que o Senado votou o impeachment, ele condenou por crime de responsabilidade, e o Supremo , na sequência, absolveu (Collor). Temos que ter muita responsabilidade com a história — disse ele.

Renan disse ainda que não havia "tensão" entre os partidos, apesar da reunião desta terça, e sim "posições divergentes".

ENQUETE: INTENÇÃO DE VOTO DOS SENADORES
15
20
46
não
opinaram*
a favor
contra
*Indecisos ou não responderam
41
Caso todos estejam presentes na votação. Com ausências, são necessários 50% dos votos mais um para aprovação
PARA INSTAURAR
O PROCESSO
DOS 81, SÃO
NECESSÁRIOS
PREVISÃO DA TRAMITAÇÃO NO SENADO
Cabe ao Senado o julgamento efetivo do presidente da República. Hoje, a Casa deve divulgar o rito inicial para o impeachment. A Mesa do Senado tinha preparado um calendário com base no rito usado em 1992, mas o presidente da Casa, Renan Calheiros, divergiu de alguns prazos
ABRIL
NO SENADO
ELEIÇÃO DA COMISSÃO
Ontem
Hoje
Dia 22 ou 25
É lida na sessão do Senado a autorização da Câmara. No mesmo dia, segundo o rito de Collor, seria eleita a comissão especial do impeachment, com 21 membros. Renan, entretanto, pretende dar prazo de 48h para a eleição
Senado recebeu a decisão da Câmara, que autorizou a abertura do processo de impeachment contra a presidente Dilma
Eleição da comissão, com indicação de líderes partidários. Como quinta-feira é feriado, a escolha dos membros do colegiado pode ser adiada até segunda-feira
MAIO
VOTAÇÃO
Até 13 de maio
Até dia 11
Até dia 27
Votação pelo plenário do Senado do parecer da comissão especial. Os 81 senadores decidirão se devem abrir processo de impeachment ou não. Aprovada por maioria simples a admissibilidade, a presidente Dilma será automaticamente afastada do cargo por até 180 dias. A sessão pode se arrastar e ela ser comunicada do afastamento no dia seguinte
Encerra o prazo da comissão especial para elaborar o parecer sobre a admissibilidade do processo de impeachment. Votação do parecer na comissão especial
Até 48h após a eleição, será realizada a reunião de instalação da comissão especial. Depois de eleger o seu presidente e relator, emitirá parecer, no prazo de até 10 dias úteis
Julgamento
A partir daí, começa o julgamento. Renan avalia que o processo pode ir até setembro. Para o mandato de Dilma ser cassado, são necessários 54 votos dos 81 senadores