domingo, 7 de fevereiro de 2016

Conselho de Segurança promete retaliar lançamento norte-coreano


Kim observa lançamento do foguete - Kyodo / Reuters



Com O Globo e agências internacionais


Pyongyang diz ter colocado com sucesso satélite espacial em órbita


PYONGYANG/NOVA YORK — Desafiando as recomendações internacionais e estremecendo ainda mais sua relação com o mundo, a Coreia do Norte anunciou neste domingo ter realizado com sucesso o lançamento de um foguete de longo alcance que colocou em órbita um satélite espacial. A ação, considerada pela comunidade internacional como um teste secreto de mísseis balísticos intercontinentais, foi condenada por Coreia do Sul, Estados Unidos, Japão, Rússia e Reino Unido, que convocaram uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU sobre o tema e prometeram "respostas duríssimas".


O foguete foi lançado a partir da base de Dongchang-ri, no Noroeste do país. A colocação do satélite em órbita não foi confirmada, mas uma fonte americana de Defesa informou que o artefato parece ter chegado ao espaço.

“Foi colocado com sucesso em órbita nosso satélite de observação da Terra Kwangmyong 4”, informou a emissora.

O ditador Kim Jong-un insiste que a ação faz parte de um programa espacial exclusivamente científico e pacífico. No entanto, muitos países consideram ser um teste camuflado para esconder o desenvolvimento pelo regime da tecnologia de mísseis intercontinentais, capazes de transportar bombas atômicas para qualquer lugar do planeta.

O secretário de Estado americano, John Kerry, classificou a medida como uma violação às resoluções das Nações Unidas que limitam o uso de tecnologia por Pyongyang, e a presidente da Coreia do Sul, Park Geun-hye, definiu a operação como uma provocação. 

Além disso, poucas horas depois do anúncio, os dois países anunciaram o início de negociações para implantar no território sul-coreano um sistema antimísseis THAAD, um dos mais modernos do mundo.

— Decidiu-se abrir oficialmente negociações sobre a possibilidade de preparar o sistema Terminal High Altitude Area Defense (THAAD), dentro dos esforços para reforçar a defesa antimísseis da aliança Coreia do Sul/EUA — declarou o representante do Ministério sul-coreano da Defesa Yoo Jeh-Seung.

A instalação do sistema é discutida há anos, com os americanos insistindo que se trata de um elemento de despersuasão necessário frente ao programa de mísseis balísticos da Coreia do Norte. Mas China e Rússia afirmam que a medida afetará a estabilidade da região e desencadeará uma corrida por armamentos em uma área de equilíbrio frágil. 

Enquanto isso, a Coreia do Norte afirma que se trataria de uma tática de Guerra Fria com o objetivo de conter os governos chinês e russo.



Foto divulgada pela TV estatal norte-coreana mostra foguete de longa alcance sendo lançado - YONHAP / AFP


CRÍTICAS GERAIS

Para discutir o cenário, o Conselho de Segurança da ONU se reuniu neste domingo em caráter de urgência. O lançamento do foguete, da considerado uma violação das obrigações internacionais da Coreia do Norte, pode levar ao reforço das sanções já aplicadas ao país, além da imposição de novas restrições.

— Os membros do Conselho condenam fortemente o lançamento. Trata-se de uma violação séria das resoluções do órgão — disse a repórteres o atual presidente do Conselho, o embaixador Rafael Ramírez.

A retórica da entidade foi seguida de críticas de duas das maiores potências globais.

— Garantiremos que sejam impostas duras consequência. As transgressões requerem uma resposta ainda mais firme — advertiu Samantha Power, a representante americana na ONU.

O secretário de Relações Exteriores britânico, Philip Hammond, convocou o embaixador norte-coreano e discutir com o homólogo japonês Fumio Kishida. — O que faremos é tentar persuadir os chineses de que a aplicar estas restrições atende aos interesses da comunidade internacional após estas ações extremamente desestabilizantes.

No início de janeiro, Kim Jong-un anunciou um suposto teste com bomba de hidrogênio, que gerou reações alarmantes de toda a comunidade internacional.