sábado, 6 de fevereiro de 2016

Campanha de carnaval do Ministério da Saúde tem custo de R$ 14 milhões


Dyelle Menezes - Contas Abertas



Com o slogan “Deixe a Camisinha Entrar na Festa”, a campanha de carnaval do Ministério da Saúde custou R$ 14 milhões. A campanha, veículada entre os dias 27 de janeiro e 6 de fevereiro, reforça o preservativo como a mais importante arma de combate ao HIV e aids, trabalhando a mensagem de prevenção nas ações pré-carnaval e durante as festas.


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Entre as peças a serem divulgadas estão filme, jingle para veiculação em rádios e versão estendida da música para os trios elétricos e carros de som.

No filme, um ator fantasiado de camisinha (Homem Camisinha) ajuda seus amigos em situações icônicas de carnaval, como ser convidado para uma festa e apresentar uma paquera. A ideia é mostrar que a camisinha faz a diferença e, assim, incentivar os jovens a se protegerem contra a aids e outras infecções sexualmente transmissíveis em suas relações sexuais.

Também fazem parte da campanha vídeos para redes sociais, peças para a web e ações especiais com os blocos de carnaval, com reforço para as capitais onde foi identificada maior incidência da epidemia, como Manaus e Porto Alegre. Para as redes sociais, serão produzidos pequenos filmes registrando a atuação in loco do Homem Camisinha ao longo da folia.

De acordo com o Ministério da Saúde, o diferencial da campanha deste ano é que, a partir da Quarta-Feira de Cinzas, serão distribuídos folhetos nos postos de saúde e outdoors sobre a profilaxia pós-exposição (PEP).

Dessa forma, no período pós-Carnaval, o Ministério continuará incentivando a testagem e o tratamento para os casos de sorologia positiva, completando assim, o tripé da prevenção.

No dia da apresentação da campanha, o Ministério divulgou que o Brasil registrou, em 2015, recorde no número de pessoas em tratamento de HIV e aids: 81 mil brasileiros começaram a se tratar no ano passado, aumento de 13% em relação a 2014, quando 72 mil pessoas aderiram aos medicamentos.

De 2009 a 2015, o número de pessoas em tratamento no Sistema Único de Saúde aumentou 97%, passando de 231 mil para 455 mil pessoas. Isso significa que, em seis anos, o país praticamente dobrou o número de brasileiros que fazem uso de antirretrovirais.

Outro avanço importante é a supressão viral: 91% dos brasileiros adultos vivendo com HIV e aids, em tratamento há pelo menos 6 meses, já apresentam carga viral indetectável no organismo.

“Isso significa que essas pessoas não mais transmitem o vírus para outras, e que os antirretrovirais fizeram efeito. É um grande avanço em termos de saúde pública, embora o uso da camisinha continue sendo preponderante para previnir a contaminação”, frisou o diretor do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, Fábio Mesquita.

Esse resultado também significa que o Brasil já atingiu uma das três metas de 90-90-90, pactuadas pelo Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (UNAIDS), que têm como objetivo testar 90% das pessoas vivendo com HIV e aids, tratar 90% destas e que 90% tenham carga viral indetectável até 2020 em todo o mundo.

“O número de pessoas em tratamento representa um recorde histórico. Nunca tanta gente começou a se tratar em um só ano. Isso significa que a campanha realizada pelo Ministério da Saúde no último ano, a #PartiuTeste, funcionou, assim como a campanha do Dia Mundial e as ações que desenvolvemos no âmbito do Programa Nacional de DST, Aids e Hepatite Virais”, comemorou o diretor no evento, que ocorreu na Quadra da Mangueira com participação da Secretaria Estadual de Saúde, apresentação de passistas da escola de samba e presença do Homem Camisinha, personagem criado especialmente para a campanha.

Em relação às outras metas, o Brasil também tem avançado rapidamente, alcançando melhoras significativas em todos os indicadores. O percentual de brasileiros vivendo com HIV diagnosticados passou de 80%, em 2012 para 83%, em 2014. A ampliação da testagem é uma das frentes da nova política de enfrentamento do HIV e aids.

Entre janeiro e setembro de 2014, foram realizados 5,8 milhões de testes no país. No mesmo período do último ano, foram 6,4 milhões – um crescimento de 10%. Já em relação à segunda meta, a oferta de tratamento, o Brasil passou de 44% de pessoas tratadas em 2012 para 62% em 2014, um aumento de 41% no período.

Críticas

Segundo a BBC Brasil, o fato de o governo federal não ter incluído informações sobre a epidemia de zika vírus ou alertas para mulheres grávidas na campanha anual de Carnaval do Ministério da Saúde, que custou R$ 14 milhões aos cofres públicos, é vista por especialistas como um “equívoco”.

Para os médicos infectologistas e sanitaristas consultados pela BBC Brasil, embora a campanha foque tradicionalmente nas doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), HIV e hepatites virais, o governo “falhou” ao não incluir nada sobre o zika diante da epidemia que atinge o país, dos alertas internacionais sobre o tema, da potencial ligação com casos de microcefalia e dos fatores complicadores do Carnaval para o contágio.

O Ministério da Saúde informou que a campanha de Carnaval focada em DSTs e Aids é divulgada paralelamente à de combate ao mosquito Aedes aegypti.

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