
Dilma, Dantas e Odebrecht
Marcelo Navarro Ribeiro Dantas, do STJ, votou pela soltura de Marcelo Odebrecht.
O ministro decidiu pela conversão de sua prisão preventiva para o regime de prisão domiciliar.
Este blog denunciou aqui, aqui e aqui toda a trama contra a Operação Lava Jato que culminou neste voto.
O ministro Jorge Mussi pediu vista do processo, o que, felizmente, impediu a conclusão do julgamento, mas a barganha de Dilma Rousseff no tribunal – revelada no fim de julho por VEJA – agora está escancarada.
Dantas é “afilhado” de Francisco Falcão, ministro que apareceu nas anotações de Marcelo Odebrecht como alguém que poderia favorecê-lo no STJ.
Com apoio de Renan Calheiros, Dilma nomeou Dantas para o cargo – mesmo tendo sido ele o segundo na lista tríplice que lhe foi encaminhada – justamente para ganhar em troca a soltura de Odebrecht.
Na conversa gravada secretamente por Bernarno Cerveró, Delcídio do Amaral ainda disse que “conversou com Zé Eduardo” [Cardozo, ministro da Justiça] e “muito possivelmente o Marcelo [Odebrecht] na [Quinta] Turma [do STJ] vai sair”.
“Acredito”, completou o advogado de Delcídio.
O senador petista considerou “bom” que Dantas, citado em seguida, tenha encaminhado a decisão para a quinta turma, da qual ele próprio faz parte.
Este blog decifrou o trecho da gravação, corrigindo a Folha de S. Paulo, que o entendera erradamente. Agora o jornal ignora a barganha de Dilma, mas publica a informação correta: “Ministro citado por Delcídio vota por prisão domiciliar de Odebrecht“.
A matéria mostra as supostas razões de Dantas, para quem não existem elementos concretos que justifiquem manter o empreiteiro preso.
Ele ressaltou que não há provas de que Odebrecht tenha “materializado” as intenções de “higienizar apetrechos” ou “destruir e-mail sondas”, por exemplo, conforme diziam suas anotações, e que estas seriam apenas “elucubrações do paciente para si mesmo”.
As minhas elucubrações para mim mesmo dizem que Dantas ganhou o cargo para sabotar a Lava Jato e está cumprindo o seu papel, tendo já votado também pela libertação de Otávio de Azevedo, da Andrade Gutierrez, e do publicitário Ricardo Hoffmann.
Mais cedo, este blog foi informado de que Marcelo Odebrecht estava disposto a passar até três anos na cadeia sem delatar ninguém.
Se Sérgio Moro não decretar novos mandados de prisão contra o empreiteiro, pode ser que ele nem precise fazer este esforço.
