| Pedro Ladeira/Folhapress | ||
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| O presidente da Câmara fala com jornalistas após ter sido acusado por delator da Lava Jato
O cenário político brasileiro amplia o sentimento de cautela dos investidores nesta sexta-feira (17), pressionando a cotação do dólar para a casa de R$ 3,20 e empurrando a Bolsa brasileira para baixo.
A tensão interna ofusca o quadro mais favorável no exterior, após o Parlamento alemão ter aprovado por 439 votos a 119 o novo plano de resgate da economia grega, no valor de € 82 bilhões a € 86 bilhões em três anos. Na China, o banco central daquele país injetará US$ 48 bilhões no maior banco de fomento chinês, afirmaram fontes com conhecimento do assunto à Reuters.
Às 11h55 (de Brasília), o dólar à vista, referência no mercado financeiro, tinha valorização de 2% sobre o real, cotado em R$ 3,196 na venda. No mesmo horário, o dólar comercial, usado no comércio exterior, avançava 1,23%, a R$ 3,197. Ambos chegaram a bater R$ 3,20 mais cedo.
Atribuindo ao Palácio do Planalto uma articulação para envolvê-lo na Lava Jato, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), anunciou nesta sexta o seu rompimento com o governo. A decisão ocorre após ele ser acusado pelo lobista Julio Camargo de receber US$ 5 milhões de propina.
Segundo analistas, a notícia sobre Cunha agrava o quadro político nacional, após a notícia na véspera de que o Ministério Público abriu investigação sobre suposto tráfico de influência internacional do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para favorecer a construtora Odebrecht.
Também pesa negativamente sobre o câmbio a leitura de que o Banco Central está mais próximo do fim do ciclo de aperto monetário. A visão de que a autoridade monetária está mais perto de encerrar o ciclo de aumento do juro básico brasileiro teve mais um reforço nesta sexta-feira: o IBC-Br de maio mais fraco que o esperado.
O índice de atividade econômica calculado pelo Banco Central teve variação positiva de 0,03% em maio, na comparação com abril, quando havia encolhido 0,88%, na série com ajuste sazonal.
Juros altos tendem a atrair mais recursos de estrangeiros ao Brasil, em busca de retornos mais expressivos, uma vez que as taxas nos países desenvolvidos continuam em patamares mínimos. Com uma oferta maior de dólares no país, a cotação do dólar tende a ceder, por isso o fim do ciclo de aperto monetário gera cautela entre os investidores.
Nesta sexta-feira, o BC dará continuidade à rolagem dos swaps cambiais que vencem em agosto –operação que equivale a uma venda futura de dólares para estender o prazo de contratos. A oferta será de até 6 mil papéis. Nos primeiros leilões deste mês, haviam sido ofertados até 7,1 mil swaps.
Mantendo a oferta de até 6 mil contratos por dia até o penúltimo dia útil do mês, o BC rolará o equivalente a US$ 6,396 bilhões ao todo, ou cerca de 60% do lote total. Se continuasse com as ofertas anteriores, a rolagem seria de 70%, como a do mês anterior.
AÇÕES
No mercado acionário, o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, tinha desvalorização de 1,02% às 11h55, para 52.529 pontos. O volume financeiro girava em torno de R$ 1,2 bilhão. O índice acompanhava a queda dos principais mercados internacionais na sessão, com exceção das Bolsas asiáticas, que fecharam no azul.
As ações preferenciais da Petrobras, mais negociadas e sem direito a voto, caíam 2,85%, para R$ 11,58 cada uma. A estatal informou na véspera ter pago R$ 1,6 bilhão referente a uma multa aplicada pela Receita Federal, sendo R$ 1,2 bilhão à vista e R$ 400 milhões com prejuízos fiscais.
O desembolso será reconhecido nas demonstrações financeiras do segundo trimestre de 2015, com impacto negativo de R$ 1,4 bilhão, líquido de impostos, de acordo com a companhia.
Também pressionava o Ibovespa para baixo a ação preferencial da mineradora Vale, que tinha perda de 1,34%, para R$ 14,63. Os papéis da companhia têm sofrido com a instabilidade nos preços do minério de ferro no mercado internacional.
No setor bancário, segmento com maior peso dentro do Ibovespa, tinham desvalorizações os papéis do Itaú Unibanco (-0,73%), os preferenciais do Bradesco (-1,14%), o Banco do Brasil (-2,37%) e o Santander (-0,11%). Na véspera, o BB cedeu 3,3% após a notícia de que o Fundo Soberano vendeu ações da instituição financeira em junho como parte da política de consolidação fiscal.
Com Valor
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