quarta-feira, 10 de junho de 2015

‘Agenda positiva’ é isso aí: Dilma finge que está terminando a crise que mal começou

Com Blog Augusto Nunes - Veja




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Exatos 19 dias depois de guilhotinar R$ 25 bilhões do orçamento anual do Programa de Aceleração do Crescimento, Dilma Rousseff anunciou nesta terça-feira que descobriu como encontrar quase R$ 200 bilhões de reais para o Programa de Investimento em Logística. Há um mês, faltou dinheiro para livrar o PAC da morte. Agora sobra dinheiro para financiar o parto do PIL. Mesmo para os padrões do Brasil lulopetista, é muito cinismo.
A vinda ao mundo da fantasia forjada com duas consoantes e uma vogal mostrou que os atores ensaiaram a farsa com muita aplicação. Sem ficar ruborizada, a chefe de governo avisou que o PIL representa uma “virada gradual e realista de página”. Sem quaisquer vestígios de constrangimento, os ministros que escoltavam a presidente se juntaram a 14 governadores para endossar o embuste com uma salva de palmas multipartidária.
Poupado de vaias e panelaços, o neurônio solitário deu por inaugurada a segunda fase do PIL ─ sem revelar que fim levou a primeira. Mais aplausos da plateia amestrada. “Não é apenas em tempo de bonança que se constrói o futuro”, recomeçou o desfile de platitudes. “Um povo é unido e forte quando é capaz de superar dificuldades. Será assim é que nosso querido Brasil vai sustentar essa luta e superar dificuldades conjunturais, duras, mas conjunturais”.
Deslumbrados com o mundaréu de ferrovias, portos, rodovias e aeroportos imaginários, nem os governadores filiados a partidos supostamente oposicionistas se lembraram de cobrar o paradeiro de um formidável defunto: o trem-bala. O colosso sobre trilhos consumiu milhões de dólares anos a fio sem dar as caras em alguma curva do Brasil até ser renegado pela mãe.
Abandonado também pelo pai, esquecido pelo PAC e ignorado pelo PIL, o trem-bala jaz na cova rasa em que descansam monumentos à safadeza, à incompetência, à vigarice e à corrupção. Logo estarão por lá as águas transpostas do Rio São Francisco.