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Para que serve o PMDB? A resposta é de uma simplicidade estarrecedora. No momento, o partido do vice-presidente da República e dos presidentes do Senado e da Câmara serve para infernizar Dilma Rousseff, realçando-lhe a fragilidade. Nesta terça-feira, a legenda brincou de gangorra. Ora colocou Dilma articicialmente no alto ora rebaixou-a.
Ao longo do dia, os operadores de Dilma negociaram com Eduardo Cunha e Renan Calheiros a edição de uma MP, medida provisória. O texto mantém para o período de 2016 a 2019 a atual política de reajuste do salário mínimo: variação da inflação mais o PIB de dois anos antes.
Dilma tratava do tema sem pressa. De repente, Eduardo Cunha levou à pauta de votações da Câmara uma proposta do oposicionista Paulinho da Força Sindical. Além de conservar a política da valorização do mínimo, o texto estendia a fórmula de cálculo para os aposentados.
Sem caixa, Dilma pediu água. E os próprios peemedebistas sugeriram o atalho da edição de uma MP que repetisse o texto da proposta de Paulinho, excluindo o mimo aos aposentados. Editada a medida, Cunha tirou o projeto da oposição da pauta, sob protestos da oposição (veja no alto a entevista do líder do DEM, Mendonça Filho.
O sacrifício dos aposentados foi celebrado numa solenidade rara —uma cerimônia de anúncio de medida provisória. Dilma discursou para uma plateia de poucos deputados e senadores, convidados pelo Planalto para integrar a coreografia e testemunhar a demonstração de força do PMDB.
À noite, quando Dilma imaginava que o Tesouro estivesse a salvo, seus supostos aliados impuseram ao governo uma derrota vexatória. Aprovaram uma regra que assegura a execução da lei que reduz o valor da correção das dívidas de Estados e municípios. A lei que trocou o indexador das dívidas havia sido aprovada em novembro. Mas o governo se absteve de implementá-la.
Mais cedo, Dilma dissera que o refresco teria de esperar pelo fim da crise. Porém, sob a liderança de Eduardo Cunha, os deputados deram de ombros. O alívio nas contas de governadores e prefeitos foi aprovado 389 votos. Ninguém votou contra. Houve apenas duas abstenções. Ao farejar o isolamento, até o PT contrariou a posição de Dilma.