sábado, 28 de março de 2015

Deu no ´JN`: Economia cresce 0,1% em 2014, pior resultado dos últimos cinco anos

TV Globo

De acordo com o IBGE, consumo das famílias avançou, mas teve o pior resultado em 11 anos, prejudicado pela inflação e pelos juros mais altos






IBGE divulgou nesta sexta-feira (27) a soma de todos os bens e serviços produzidos pelo Brasil no ano passado. O Produto Interno Bruto teve o pior resultado dos últimos cinco anos.
O vendedor Ricardo conta que a procura por carros novos e usados diminuiu.

“A gente vendia na loja, em média, de 15 a 20 carros por mês. Hoje a gente vende em média na faixa de sete”, conta Ricardo.
As vendas fracas levaram o comércio a fechar o ano passado em queda, e isso puxou para baixo o resultado do setor de serviços, que tem o maior peso para o crescimento do país.

As despesas do governo, que incluem saúde, educação e a manutenção da máquina pública, ajudaram a movimentar a economia: o dólar mais alto deveria beneficiar os produtos brasileiros lá fora. Mas com a queda do preço do petróleo e do minério de ferro, por exemplo, as exportações brasileiras tiveram, no último trimestre de 2014, o pior desempenho desde 2009. No ano, a queda foi menor e as importações também foram negativas.

A economia do país é assim: depende do desempenho de todos os setores. Em 2014, atividades como a construção civil encolheram e fizeram a indústria recuar. Com a produtividade menor no campo, a agropecuária perdeu velocidade.

O consumo das famílias avançou, mas teve o pior resultado em 11 anos, prejudicado pela inflação e pelos juros mais altos. Consumo desacelerando, a produção em baixa, os investimentos ficaram para trás. Por isso, apesar de todo o esforço, a economia do país não saiu do lugar.

“Existe inflação, cai o poder aquisitivo da população. Havendo menor demanda real, existe um aumento de capacidade ociosa. Logo, também haverá mais desempregados. Portanto, com isso, cai a renda. Logo, os próprios produtores querem produzir menos. Então, isso daqui tudo joga o PIB para baixo”, explica o economista da FGV Istvan Kaznar.

No ano passado, o PIB, soma de todos os bens e serviços produzidos pela economia do país, teve o pior resultado dos últimos cinco anos. O Brasil ficou atrás de países emergentes como Índia e China; desenvolvidos, como Estados Unidos e Alemanha; e de vizinhos, como o Peru.

“O Brasil então estagnou no mundo, em termos relativos. Os investimentos caíram muito ano passado, têm caído substancialmente e vão cair bastante esse ano porque a confiança afeta muito mais investimento”, afirma Carlos Thadeu de Freitas, chefe da divisão econômica da CNC.

“Podemos falar num desaquecimento econômico. A infelicidade é que isso também significa de que vamos na direção de uma recessão. Temos aí um cenário muito complicado”, diz Istvan Kaznar.