quinta-feira, 19 de março de 2015

Com a demissão de Cid Gomes, volta de Mercadante, o ´irremediável`, ao MEC já é especulada

LUIZA DAMÉ, ISABEL BRAGA, CATARINA ALENCASTRO e SIMONE IGLESIAS - o gLOBO

Mudança agradaria ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva


Com a saída de Cid Gomes do Ministério da Educação (MEC), voltaram a circular no Palácio do Planalto especulações de que Aloizio Mercadante (Casa Civil), fragilizado no cargo, poderia voltar ao MEC. Essa mudança agradaria ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que gostaria de ver o ministro da Defesa, Jaques Wagner, na Casa Civil. Depois da demissão de Cid, Wagner esteve com a presidente. Fontes do Planalto, porém, negam essa mexida.

Dilma vem resistindo à mudança porque Mercadante é seu ministro mais próximo e considerado “imexível”. Uma solução caseira seria a volta de José Henrique Paim Filho, que saiu do MEC para dar lugar a Cid e foi indicado por Dilma para uma diretoria do BNDES. À presidente já chegaram ideias de substituir o ministro das Relações Institucionais (SRI), Pepe Vargas, por um nome do PMDB — Eliseu Padilha (Aviação Civil) ou o ex-presidente da Câmara Henrique Eduardo Alves —, ou pelo atual ministro da Ciência e Tecnologia, Aldo Rebelo (PCdoB), que já comandou a pasta no governo Lula.

Peemedebistas, no entanto, dizem que não querem este ministério porque ele não tem autonomia. Tudo depende da vontade de negociação de Dilma. 

No governo, fala-se num arranjo: entregar ao PMDB a Integração Nacional, cobiçada pelos peemedebistas na reforma de dezembro, desde que o partido aceite também a SRI. O PP comanda a Integração, mas a legenda ficou enfraquecida pela Operação Lava-Jato, que atingiu o presidente do partido, senador Ciro Nogueira (PI), e quase metade da bancada de deputados. 

Para não tirar o PP totalmente do governo, a sugestão que chegou a Dilma é que ela dê uma pasta menor, como Portos ou Pesca, que estão com o PMDB. Apesar de a reforma ter que passar pelos peemedebistas, a fórmula não é considerada fácil. Há um grupo que defende a ida de Henrique Alves para o Turismo, ocupando o cargo de Vinícius Lages, afilhado de Renan. No partido do vice-presidente Michel Temer há muita insatisfação com os rumos da gestão Dilma e com o acúmulo de crises políticas geradas pelo governo.

Cid Gomes foi à Câmara, convocado pelos deputados, para explicar declaração sua sobre a existência de “300, 400 deputados que defendem o quanto pior melhor, e aproveitam um governo fragilizado para “achacarem mais”. Diante de uma plateia conflagrada de mais de 300 deputados, o ministro reafirmou o que disse, provocando a ira dos parlamentares. Deputados de seu partido, o PROS, da base e também da oposição acreditam que o ministro partiu para o ataque para manter o ativo eleitoral no Ceará. O próprio ministro disse na tribuna que voltaria à sua cidade, Sobral, de cabeça erguida.