Perguntada sobre o rebaixamento da nota de risco de crédito da Petrobras pela Moody’s, a presidente Dilma desqualificou a empresa de avaliação, por “falta de conhecimento” para analisar de forma competente a estatal. Uma reação típica da personalidade da presidente, com um traço do cacoete autoritário e arrogante petista de sempre criticar o portador da mensagem não desejada. Dilma desconfiar da competência da Moody’s, empresa fundada nos EUA em 1909, em nada altera a realidade. Segundo esta avaliadora de risco, das maiores do mundo, os investidores que não gostam de especular devem guardar distância dos títulos da empresa, porque há razoável chance de perder dinheiro.
Também nenhum discurso ou palavrório afasta conjecturas de que a própria economia brasileira poderá ter sua nota rebaixada para aquém do “grau de investimento”.
Sinal dos tempos, a edição da revista inglesa “The Economist" que começou a circular ontem estampou na capa o Brasil atolado num pântano. A mesma publicação já havia, apressadamente, simbolizado o crescimento brasileiro anterior com a imagem do Cristo Redentor decolando como um foguete.
O Brasil, por certo, tem mais chances que tinha a Petrobras de evitar um rebaixamento para a faixa dos “títulos-lixo”, na qual o país ou empresa padece com o aumento do custo de crédito. Pelo peso da Petrobras na própria economia, a sua crise — causada, entre outros fatores, pela extravagância do esquema de corrupção montado pelo lulopetismo na companhia — reforça os prognósticos negativos para o país. Uma coisa alimenta a outra.
Mesmo antes do rebaixamento, a estatal, muito endividada, já sofria dos efeitos da eclosão do escândalo do petrolão. Bancos fecharam-lhe as portas, e projetos de investimento já vinham sendo adiados, com grande impacto negativo no setor industrial: estaleiros, fabricantes de máquinas e equipamentos etc.
Na Moody’s, o Brasil está a dois níveis de perder o “grau de investimento”, com viés negativo. Na Fitch, no mesmo nível, mas sem viés. E na S&P, a um patamar da perda da qualificação de baixo risco. A situação requer, portanto, cuidado. Neste cenário, cresce a responsabilidade do PT, do PMDB e do Planalto na aprovação do ajuste fiscal enviado ao Congresso.
Aprová-lo é a única maneira que tem o governo de, no momento, afastar a possibilidade de um rebaixamento do Brasil. O que seria desastroso, um dos componentes da tal “tempestade perfeita” vislumbrada há meses por alguns analistas.
A recessão que se prenuncia estava contratada nos erros cometidos por Dilma na “nova matriz macroeconômica". Agora, para que a situação melhore é crucial fazer o ajuste, que provoca os efeitos colaterais de mais um pouco de inflação e esfriamento da economia. Mas com a perspectiva de melhora. Como um paciente que precisa tomar forte medicamento para sobreviver.