quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

"Pintados para a guerra", por Ilimar Franco

O Globo


Os ministros foram convocados pela presidente Dilma para ir à luta. Ela foi clara: fazer mais com menos. Mas nem por isso, devem se intimidar diante da oposição. A presidente fez autocrítica do primeiro mandato, quando a regra era a do silêncio. Dilma quer que os ministros enfrentem o debate e contestem as críticas. A oposição está em pé de guerra e, num ano de ajuste fiscal e econômico, os ataques vão proliferar.
Com a bandeira da trégua nas mãos
Desde o início do escândalo da Petrobras, o discurso da presidente Dilma tenta separar a atual diretoria da estatal das irregularidades anteriores. Ontem, na reunião ministerial, Dilma deu mais um passo nessa direção, ao defender a separação entre as empresas privadas envolvidas e aqueles diretores ligados aos atos de corrupção. Ao acenar para as empresas, a presidente espera que essas controlem seus ex-executivos. Como disse o ex-ministro Gilberto Carvalho, anteontem, para militantes: “Estamos vendo o que agora? Os advogados conspirando entre si e transformando o depoimento de cada delator em acusação ao PT, assim como fizeram no mensalão”.  
Eduardo Cunha está crescendo, tem 310 votos. Ah!!! O Arlindo Chinaglia está dizendo que tem 220 votos? Deste jeito, a eleição vai chegar aos mil votos

Henrique Alves,
presidente da Câmara, sobre a eleição, onde 513 deputados vão escolher o seu sucessor
No gogó
O ministro Joaquim Levy (Fazenda) deu início à sua intervenção sobre a economia nacional recitando versos em italiano. Aloizio Mercadante (Casa Civil) repetiu a presidente e conclamou todos para participar do embate na mídia.
Pintando o quadro
O presidente do BC, Alexandre Tombini, disse na reunião ministerial que a inflação só ficará no centro da meta no ano que vem. O ministro Joaquim Levy (Fazenda) foi taxativo: era fazer o ajuste ou fazer o ajuste. O ministro Nelson Barbosa (Planejamento) reforçou, dizendo que sem o ajuste não seria possível executar o Orçamento deste ano.
Recomeçar
A Lei de Responsabilidade do Esporte, que está pronta para ser votada na Câmara, vai ser abandonada. O ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil) tem feito reuniões para construir um novo texto para ser enviado ao Congresso.
Quem embala a crise? 
A oposição constatou que a presidente Dilma não fez nenhuma autocrítica da política econômica de seu primeiro mandato. Ela destacou que as dificuldades que o Brasil atravessa decorrem de razões externas: a redução da taxa de crescimento nos países desenvolvidos e a queda dos preços das commodities, com destaque para o petróleo.
Respirando por aparelhos
O PSDB está dividido na eleição da presidência da Câmara. Uma ala quer derrotar o PT. A outra crê que Eduardo Cunha (PMDB) ficará mais forte (na oposição) depois de derrotado. A candidatura Júlio Delgado (PSB) está nas mãos dos tucanos.
Marcando posição
A despeito dos apelos, o senador Luiz Henrique (PMDB) não quer ser um figurante. Quer disputar a eleição da presidência da Casa para vencer. Para tanto, espera que Renan Calheiros não concorra à reeleição, e que o Planalto lhe envie um sinal.
O presidente da Firjan, Eduardo Eugenio, leva hoje ao ministro Joaquim Levy estudo sobre os tributos da indústria de transformação. São 45,4% do seu PIB.