Bruno Rosa - O Globo
Em meio à queda no preço do petróleo no mercado internacional e a dificuldade de obter recursos no mercado financeiro ao longo deste ano, a Petrobras informou que pretende investir entre US$ 31 bilhões e US$ 33 bilhões neste ano. Em relação aos investimentos do ano passado, de cerca de US$ 44 bilhões, os cortes chegam a 30%,
conforme antecipou O GLOBO na semana passada.
Entre janeiro e setembro, a companhia já havia reduzido seus investimentos em 10%, para R$ 62,543 bilhões.
Segundo comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a Petrobras informou ainda que pretende ter uma geração de caixa operacional entre US$ 28 bilhões e US$ 33 bilhões neste ano. Para isso, a companhia pretende elevar a produção em 4,5% neste ano, com margem de um ponto para cima e um ponto para baixo. No ano passado, a meta de aumento da produção da empresa oscilou entre 6,5% e 8,5%. Porém, a companhia obteve alta de 5,3%, para 2,034 milhões de barris por dia — ou seja, abaixo da meta.
"Quanto à projeção do fluxo de caixa e liquidez da Companhia, é importante ressaltar que a posição de caixa da Petrobras e sua capacidade de geração operacional não será afetada por ajustes ecorrentes da Operação Lava-Jato ou de qualquer outro relacionado ao valor dos seus ativos", disse a empresa.
A Petrobras ressaltou ainda que terá "à disposição garantias da União Federal para os recebíveis do setor elétrico, que permitirão a negociação desses créditos no mercado bancário". Para reforçar o caixa, a empresa informou ainda que fará "desinvestimentos em 2015, com potencial de contribuição ao caixa em níveis próximos aos realizados em 2014". A implementação desses desinvestimentos dependerá, naturalmente, da evolução das condições de mercado, disse Maria das Graças Foster em comunicado.
Porém, a companhia não deu uma data para publicar o balanço com o parecer da PwC. "Continuamos trabalhando para produzir as demonstrações financeiras revisadas pelo Auditor Externo (PwC) no menor tempo possível, não apenas em relação aos ajustes nas demonstrações contábeis, mas também à necessidade de aprimoramento dos nossos controles internos".
Empresa desiste de refinarias criadas por Lula
A Petrobras informou ainda que decidiu abandonar os projetos das refinarias Premium I (no Maranhão) e Premium II (Ceará), ambos projetos nascidos no governo Lula. Segundo a empresa, fo i feita a baixa contábil dos projetos: Para a Premium I foi feita a baixa de R$ 2,111 bilhões; e na Premium II, de R$ 596 milhões. Isso ajudou a área de abastecimento da companhia a ter prejuízo de R$ 13,8 bilhões entre janeiro e setembro do ano passado. A perda foi 13% maior em relação ao prejuízo do mesmo período do ano anterior, de R$ 12,2 bilhões.