ATENAS - Alexis Tsipras foi empossado na tarde desta segunda-feira como o novo primeiro-ministro da Grécia. O líder do Syriza, partido da esquerda radical grega, conquistou no domingo a eleição no país. Pouco depois, ele anunciou uma aliança com a pequena legenda de direita Gregos Independentes, o que garantiu a maioria no Parlamento. Aos 40 anos, ele se torna o mais jovem chefe de governo do país em 150 anos.
O novo premier anuncia seu ministério na terça-feira, que deve contar com nomes do direitista Gregos Independentes. O novo aliado, apesar do distanciamento político em temas-chave como imigração e investimentos em bem-estar social, também é contra as medidas de austeridade — principal plataforma de Tsipras —, e pressionará a UE no tema. Angela Merkel, chanceler alemã, afirmou através de seu porta-voz que "espera que a Grécie honre seus compromissos" para com o bloco.
Em uma cerimônia breve no gabinete do presidente Karolos Papoulias, Tsipras fez seu juramento de maneira secular, sem a tradicional cerimônia religiosa ortodoxa. Sem gravata, ele cumprimentou cada um e jurou ter a maioria do Parlamento.
Tsipras e o Syriza são a favor de uma renegociação da dívida grega de forma a impulsionar uma economia de bem-estar social e desenvolvimento. A legenda é fortemente crítica do resgate pela União Europeia e o FMI, e em anos anteriores ameaçara deixar o bloco. Entre uma das propostas mais marcantes de Tsipras, está a maior tributação das classes mais ricas e o combate à evasão fiscal.
Nascido em 1974, Tsipras entrou na adolescência para a ala jovem do Partido Comunista. Após o fim da União Soviética, ele se juntou ao Synaspismos, a Coalizão de Movimentos e Ecologia de Esquerda, maior partido dentro do Syriza — bloco formado em 2004. No ano seguinte Tsipras concorreu como candidato do partido para prefeito de Atenas, e sua forte presença, especialmente com os eleitores jovens, impulsionou a legenda para o seu primeiro sucesso nacional nas eleições de 2007.

Nascido como uma coalizão de 13 grupos e partidos que inclui maoistas, trotskistas, comunistas, ambientalistas, social-democratas e populistas de esquerda, o Syriza tinha pouca força eleitoral até 2012. Mas o aprofundamento da crise econômica no país levou-o à marca de 27% dos votos naquele ano, passando os sociais-democratas — e tornando-se, assim, a segunda força política da Grécia e a principal voz da oposição.
O Syriza teve 36,3% dos votos — o que significa 149 cadeiras no Parlamento, ou seja, a duas cadeiras de obter a maioria absoluta no Legislativo de 300 lugares. O Nova Democracia, do atual primeiro-ministro, Antonis Samaras, ficou em segundo, com 27,8%, na frente do neonazista Aurora Dourada que, mesmo com a maioria dos seus líderes na cadeia, conseguiu manter a marca de 6,3%.
