Cristiane Jungblut - O Globo
Para presidente do Senado, convergência “não vai cair do céu” e precisa ser construída
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse nesta quinta-feira que o governo Dilma Rousseff precisa "conversar mais" com o Legislativo e que "conversar não tira pedaço", numa crítica ao modo como a interlocução é feita atualmente. Em outro recado, Renan disse que há uma aliança, mas avisou que isso não significa pensar de forma igual e que ela "não vai cair do céu". Para ele, é preciso dialogar de "lado a lado". Ele pediu que os ânimos sejam serenados com o fim das eleições.
Renan negou que o Senado vá votar uma pauta-bomba, mas pautou para a próxima semana o projeto que muda o indexador das dívidas dos estados junto à União. A Fazenda teme a redação final, porque os estados reduzirão o pagamento mensal ao governo, com a mudança de regra, o que causa queda na arrecadação. Renan também reiterou que o Senado derrubará a proposta do PT de criação de uma superestrutura de conselhos populares no governo federal.
— De lado a lado. Definitivamente, precisamos conversar. Essa interlocução precisar estar mais presente de lado a lado. Definitivamente, precisamos conversar. Essa interlocução precisar estar mais presente de lado a lado. A construção de uma grande convergência, de uma agenda nacional, a criação de um momento novo de união nacional precisa de conversas de lado a lado. Mesmo que as pessoas não concordem em algumas coisas, elas precisam conversar. Conversa, todos sabem, não arranca pedaço — disse Renan, alertando:
— Temos uma aliança, e essa aliança vai preponderar, haja o que houver. Agora, aliança não significa pensar igualmente sobre tudo. Aliança não é isso.
Neste momento, Renan disse que é preciso construir a aliança e esfriar os ânimos, depois das disputas eleitorais.
— Acho que chegou a hora de esfriarmos os ânimos. Passaram as eleições, as pessoas que estiveram envolvidas nela precisam descansar um pouquinho. É hora de construir uma convergência, uma agenda nacional. Mas isso não vai cair do céu, isso terá que ser construído por uma boa interlocução — disse ele, acrescentando:
— O Congresso fez sempre a sua parte, estamos vivendo o período republicano mais longevo de democracia, já alteramos bastante a Constituição, respondemos da forma que a sociedade cobrava as crises. Depois das manifestações, votamos uma longa pauta, principalmente aqui, no Senado. Vamos fazer o que pudermos.
O presidente do Senado disse ainda que não foi chamado pelo Palácio do Planalto, como ocorreu com o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN).
— Do ponto de vista do Senado, muito pelo contrário (haver clima de preocupação no Senado). Absolutamente aqui, no Senado, não há essa preocupação. Não haverá pauta-bomba. Temos preocupação com o equilíbrio fiscal. Vamos colocar a troca do indexador, porque há um acordo em torno deste calendário. Nos comprometemos de, tão logo passasse o segundo turno da eleição, de colocar em votação — disse Renan.
Ele reiterou que o Senado derrubará a questão dos conselhos populares.
— Desde a sua edição, da regulamentação e tudo mais, ficou claro, tanto na Câmara quanto no Senado, que eles teriam muita dificuldade de aprovação.
O presidente do Senado ainda minimizou a elevação de 0,25 ponto percentual da taxa básica de juros, que foi para 11,25% ao ano. A presidente Dilma Rousseff havia prometido, no período eleitoral, que não iria aumentar os juros.
— Isso nos remete à uma outra discussão, que é a independência do Banco Central. É preciso levar isso em conta — disse Renan.